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SAÚDE
Mais de 80% dos asmáticos têm rinite, mostram estudos; via respiratória única explica relação das doenças
Tratamento de rinite pode prevenir asma
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Um prédio de vários andares,
em que todos os pisos têm um
mesmo carpete. Wilson Aun, presidente de honra do 30º Congresso Brasileiro de Alergia e Imunopatologia, utiliza a descrição acima para explicar porque tratar a
rinite alérgica pode evitar um mal
maior, a asma brônquica.
O sistema respiratório, que vai
do nariz aos alvéolos, é todo forrado pelo mesmo "carpete" (mucosa), assim como o prédio do
exemplo. A rinite alérgica é uma
inflamação da mucosa do nariz
desencadeada por substâncias
que geram uma resposta exagerada do sistema de defesa. O nariz
fica obstruído, coça, o paciente espirra e ronca. Rinites podem ser
perenes e sazonais -estas associadas à alergia ao pólen.
Barrando a rinite por meio de
vacinas e antiinflamatórios é possível evitar que a reação alérgica
atinja a mucosa dos pulmões e inflame suas vias aéreas, gerando a
asma. Estudos mostram que mais
de 80% dos pacientes com asma
têm rinite alérgica.
"A resposta alérgica se dá com
as mesmas células, em todos os
"andares'", diz Aun, diretor-científico da Sociedade Brasileira de
Alergia e Imunopatologia. Essa é
a base da teoria das "vias respiratórias unidas", um dos principais
temas do encontro, ocorrido na
última semana em Florianópolis.
"O conceito é para chamar a
atenção. Muitas pessoas não dão
bola para a rinite, acham que o
nariz não é importante, sendo que
o aparelho respiratório é uma coisa só", afirma a presidente-executiva da Sociedade Brasileira de Asmáticos, Fátima Emerson.
O tratamento da rinite alérgica
foi estabelecido como estratégia
para prevenção da asma pela
OMS (Organização Mundial da
Saúde) a partir de um encontro de
especialistas no final de 1999. Naquela ocasião, foi lançado o projeto Aria (sigla em inglês para rinite
alérgica e impacto sobre a asma).
Segundo a OMS, a asma é a doença alérgica mais prevalente e perigosa. Dados da organização
apontam a existência de cerca de
100 milhões de asmáticos no
mundo e 180 mil mortes anuais
causadas pela doença.
Nos EUA, o número de asmáticos aumentou mais de 60% desde
o início dos anos 80. Um estudo
internacional apontou prevalências de 20% a 30% da doença entre crianças no Brasil, na Costa Rica, no Panamá, no Peru e no Uruguai (leia texto nesta página).
A doença atinge sobretudo jovens, segundo a OMS, e estima-se
que seu custo supere o de males
como a Aids e a tuberculose combinados. Nos EUA, os custos diretos e indiretos de tratamento ultrapassam US$ 6 bilhões anuais.
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