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Clima de indignação domina ato
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria das camisetas brancas usadas pelos manifestantes
trazia uma foto de Liana Friedenbach e Felipe Caffé e a frase "paz
com Justiça". Espalhadas no meio
de milhares de pessoas, no entanto, Antônios, Renatas, Cláudias,
Marcelos, Gilbertos e tantos outros jovens assassinados estampavam camisetas de familiares que,
imbuídos de seus dramas anônimos, reclamavam justiça.
O clima de indignação endureceu os protestos contra a violência. Além do pedido de redução
da maioridade penal, muitos defenderam a prisão perpétua com
trabalhos forçados e até a pena de
morte. "Por que só 30 anos [de
pena]?", questionou Leila Lagarta, 40, mãe de Ariel de Souza,
morto aos 17 anos, a facadas, em
Mongaguá, em 2000. "Já que tenho de visitar o meu filho no túmulo, queria que outra mãe tivesse de visitar o filho na cadeia durante 50 anos. Quero a diminuição da maioridade penal e a extensão da pena para crimes bárbaros como este."
À frente da passeata, os colegas
de escola do casal, que ajudaram a
organizar o ato, puxavam gritos,
como "direitos humanos, onde
estão vocês?" e "violência nunca
mais, pela vida e pela paz", em
meio a faixas com a frase "responsabilidade não tem idade".
Acompanhados dos pais, muitos disseram ter mudado após o
assassinato de Liana e Felipe.
"Agora, fico com um pé atrás de
fazer certas coisas. Penso duas vezes antes de mentir", conta Sabrina Chebat, 16, acompanhada da
mãe, Suzana Chebat, 41, que disse
ser favorável à pena de morte. "Se
houver plebiscito, serei a favor."
Luis Fernando Teixeira, 16,
ponderou o discurso severo da
maioria. "Temos de fazer alguma
coisa, mas, se houver diminuição
da maioridade penal, vão prender
tudo o que é moleque de rua que
rouba para comer", avaliou.
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