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Para favoráveis, aborto poupa mãe de se expor a risco de saúde
DA REPORTAGEM LOCAL
Como o feto sem cérebro não
tem chance de sobrevivência
fora do útero, é legítimo que a
mãe possa optar por retirá-lo
antes do fim da gestação, o que
a pouparia de riscos à saúde e
de sofrimento. Da mesma forma que deve ser respeitada a
decisão da mulher que deseja
levar a gravidez até o final.
Esse é o principal argumento
dos especialistas que vão defender no STF o direito à interrupção da gravidez de anencéfalos. Para o ginecologista Jorge Andalaft Neto, que representará a Febrasgo, a anencefalia traz riscos à saúde da gestante, especialmente pela razão de
o feto não fazer a deglutição do
líqüido amniótico.
"O líquido vai se armazenando na bolsa [amniótica], o útero
fica grande e a mulher tem mais
chances de desenvolver hipertensão, trombose venosa."
O sofrimento psíquico também é grande, segundo o médico. "Nos serviços públicos, essa
mulher fica ao lado de outras
que estão amamentando seus
bebês, enquanto que ela, com o
peito cheio de leite, terá de providenciar o enterro do seu. É
um sofrimento desnecessário."
Ele diz que as mães de anencéfalos têm 30% a mais de chances de ter depressão pós-parto.
O também ginecologista
Thomaz Gollop, professor da
USP e que falará em nome da
Sociedade Brasileira para o
Progresso da Ciência, explica
que o feto anencéfalo não tem
atividade cerebral. "O encefalograma é uma linha reta, portanto, está em morte cerebral."
Sobre o caso da sobrevida de
Marcela, Gollop defende que
Marcela tinha tinha acrania
-ausência total ou parcial do
crânio com desenvolvimento
completo mas anormal do encéfalo-, o que teria permitido
sua maior sobrevivência.
A antropóloga Débora Diniz,
professora da Universidade de
Brasília e que representará a
Anis, afirma que as discussões
devem ir além das "evidências
irrefutáveis" de que a anencefalia é uma anomalia incompatível com a vida. "Nosso argumento é que a mulher deva ser
protegida na sua escolha. A
obrigatoriedade de ela fazer um
itinerário de negociação da sua
dor é uma absoluta tortura."
(CC)
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