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GERALDO LEITE DE PAULA (1954-2008)
Vozeirão melodioso dos bailes do Acre
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os noctívagos e seresteiros
do Acre chegavam a se arrepiar, tão logo ouviam seu vozeirão anunciando o Carnaval. Era Geraldo Leite abrindo a festa, ano após ano, com
marchinhas e sambas-enredo. "Só depois vinha o moderno, o axé, essas coisas",
diz o primo, ainda sobrinho.
É que Leite era filho do tio.
Nascera de um confuso namoro entre primos. E foi
criado pela avó em Xapuri
(AC). Já aos 14 anos o neto
esbanjava a voz grossa e melosa nos bailes do interior, a
frente de "Os Siderais".
Voz, aliás, maleável -embalado pela Jovem Guarda,
foi morar, nos anos 70, em
Rio Branco, onde criou "Os
Mugs" e fez sucesso com o iê-iê-iê. Passou ainda por três
grupos de "todo tipo de música de baile". Só cantava.
A música, porém, era "profissão paralela"; o salário vinha da Câmara Municipal,
onde era funcionário administrativo. "Mas se dedicava
bem mais à música", diz o
primo-sobrinho. Tanto que
gravou seis álbuns, cantou
em muitos festivais e animou
outros tantos Carnavais.
Mas se ele "fez acontecer
vários casamentos em Rio
Branco", como afiança o cantor amigo, foi nos bailes de
dançar agarradinho do clube
Saudosa Maloca. "Sua voz e
músicas faziam os namorados se apaixonarem cada vez
mais. E aquela felicidade dava em casamento." Sua música só foi triste bem no fim da
carreira. Morreu domingo,
de câncer, aos 53. E foi velado ao som de sua seresta, na
voz do cantor amigo.
obituario@folhasp.com.br
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