São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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GERALDO LEITE DE PAULA (1954-2008)

Vozeirão melodioso dos bailes do Acre

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os noctívagos e seresteiros do Acre chegavam a se arrepiar, tão logo ouviam seu vozeirão anunciando o Carnaval. Era Geraldo Leite abrindo a festa, ano após ano, com marchinhas e sambas-enredo. "Só depois vinha o moderno, o axé, essas coisas", diz o primo, ainda sobrinho.
É que Leite era filho do tio. Nascera de um confuso namoro entre primos. E foi criado pela avó em Xapuri (AC). Já aos 14 anos o neto esbanjava a voz grossa e melosa nos bailes do interior, a frente de "Os Siderais".
Voz, aliás, maleável -embalado pela Jovem Guarda, foi morar, nos anos 70, em Rio Branco, onde criou "Os Mugs" e fez sucesso com o iê-iê-iê. Passou ainda por três grupos de "todo tipo de música de baile". Só cantava.
A música, porém, era "profissão paralela"; o salário vinha da Câmara Municipal, onde era funcionário administrativo. "Mas se dedicava bem mais à música", diz o primo-sobrinho. Tanto que gravou seis álbuns, cantou em muitos festivais e animou outros tantos Carnavais.
Mas se ele "fez acontecer vários casamentos em Rio Branco", como afiança o cantor amigo, foi nos bailes de dançar agarradinho do clube Saudosa Maloca. "Sua voz e músicas faziam os namorados se apaixonarem cada vez mais. E aquela felicidade dava em casamento." Sua música só foi triste bem no fim da carreira. Morreu domingo, de câncer, aos 53. E foi velado ao som de sua seresta, na voz do cantor amigo.

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