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ALTA ANSIEDADE
Dos jovens entrevistados em estudo, apenas um terço admite adotar proteção durante relações sexuais
Minoria usa a camisinha regularmente
DA REPORTAGEM LOCAL
Apenas um terço dos jovens admite que usa regularmente a camisinha durante as relações sexuais, segundo pesquisas do Projeto Sexualidade da USP. As justificativas são as mais variadas possíveis: confiança no parceiro, esquecimento e medo de perder a
ereção, entre outras.
De acordo com a psiquiatra
Carmita Abdo, coordenadora dos
estudos, ao serem entrevistados,
homens e mulheres deixam claro
a insegurança que está por trás da
recusa do uso do preservativo.
"No fundo, tanto ele quanto ela
tem medo de ofender o parceiro
ou a parceira. Ele pensa que exigir
a camisinha é o mesmo que chamá-la de promíscua. Ela também
não sente vontade de fazer essa
exigência", diz Abdo.
Segundo a psiquiatra, não há
desconhecimento sobre sexo seguro entre esses jovens. Falta um
"link" entre o eles sabem e o que
eles praticam.
O urologista Sidney Glina concorda: "Em tese eles conhecem os
perigos, mas acham que, ao transar com pessoas conhecidas, estarão protegidos".
Para a psicóloga Helena Lima,
os números demonstram o fracasso das campanhas públicas de
incentivo ao uso da camisinha.
"Precisamos entender como atingir esse público", afirma.
Segundo Lima, a sensação que
se tem é que os jovens estão perdendo o medo da Aids, talvez por
não se sentirem em risco.
Na opinião de Abdo, uma idéia
seria a realização de mais trabalhos de prevenção com grupos
pequenos e perfis semelhantes.
"O ideal seria que a própria família falasse de maneira aberta sobre
sexo. O comportamento do silêncio não pode continuar sendo
perpetuado", diz.
Os especialistas concordam que
o abuso do álcool e das drogas é
um fator a mais para o sexo inseguro. "Eles se sentem desinibidos,
ousados, corajosos", diz Abdo.
Na última quarta e quinta-feira,
a Folha conversou com 50 jovens
entre 18 e 23 anos, nos bares próximos a cursinhos e faculdades na
área central da cidade.
Desses, pelo menos 15 meninos
admitiram que já fizeram sexo
sem proteção. Pedro, por exemplo, diz que transou com uma garota em Porto Seguro (BA), que,
sabidamente, saía com turistas estrangeiros. "Na primeira [relação
sexual], rolou com camisinha.
Depois, esqueci de tudo. Fiquei
com ela até o fim das férias sem
proteção nenhuma", diz.
Entre as meninas, a maioria diz
que não exige camisinha do namorado ou do garoto com quem
"ficam". "Sei que é a maior burrada, mas não tenho coragem de
exigir", confessa Ana Paula, 20.
(CLÁUDIA COLLUCCI)
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