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SAÚDE
Fermentação dos alimentos pelas bactérias do intestino também gera flatulência; excesso pode sinalizar doenças
Conversa no almoço produz mais gases
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cuidado com as conversas e as
bebidas gasosas durante as refeições. A deglutição de ar é uma das
principais causas de gases intestinais excessivos, um incômodo relatado por um terço dos brasileiros, segundo estudo nacional feito
pelo instituto Gallup.
Tema constante de piadas, os
puns também estão associados à
fermentação de alguns alimentos
pelas bactérias do intestino. Algumas leguminosas, como o feijão e
a lentilha, carboidratos, contidos
no trigo, e proteínas, especialmente as presentes nas carnes
vermelhas, são exemplos de alimentos que costumam gerar desconfortos por produzirem gases
em excesso.
Segundo o médico Dan Waitzberg, professor da Faculdade de
Medicina da USP-SP e diretor do
Ganep (Grupo de Nutrição Humana), os almoços de negócio são
os que mais favorecem a formação dos gases porque as pessoas
falam demais e consomem bebidas alcoólicas ou gasosas.
Para a gastroenterologista Margareth da Rocha Fernandes, do
Hospital do Servidor Estadual e
membro da Sociedade Brasileira
de Coloproctologia, quanto mais
pobre em fibras for a alimentação,
mais lento será o trânsito intestinal. Com isso, o bolo fecal produzido pelos alimentos fica mais
tempo no intestino e sofre a ação
das bactérias ali presentes.
Apesar de a maioria dos puns
ser inofensiva, há situações em
que eles podem ser sinais de
doenças mais sérias, como a Síndrome do Intestino Irritável (SII),
que altera a sensibilidade e a motilidade do tubo digestivo.
Além da queixa dos gases intestinais, as pessoas com essa síndrome relatam dores abdominais, alteração dos hábitos intestinais
(diarréia ou constipação) e sensação de estufamento e má digestão.
Gases fétidos e abruptos, acompanhados de fezes escuras, também podem sugerir um quadro
agudo de sangramento digestivo,
provocado por uma úlcera, por
exemplo, afirma o gastroenterologista Marcelo Ribeiro, cirurgião
do aparelho digestivo dos hospitais São Luiz e Albert Einstein.
De acordo com Ribeiro, alterações do peristaltismo -os movimentos de mistura e propulsão
dos alimentos e das fezes- levam
a uma deficiente mistura intestinal dos sólidos, líquidos e gasosos. Assim, os gases se separam e
aparecem como flatulência.
Doenças inflamatórias e as parasitoses também contribuem para a formação e a liberação de
mais gases, acrescenta Waitzberg.
Por isso, alerta o médico, é importante que o paciente com essas
queixas seja investigado por um
especialista. Além de avaliar os
hábitos alimentares e intestinais,
os gastroenterologistas costumam pedir exames de fezes e de
sangue oculto (para pessoas acima de 40 anos), que aponta riscos
de câncer no intestino grosso.
Nos casos em que não há doenças associadas, o excesso de puns
pode ser controlado com medidas
simples, como mudanças na dieta
e a realização de exercícios físicos.
Medicamentos à base de dimeticona também ajudam a diminuir a flatulência porque dispersam as bolhas de ar no intestino.
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