|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ENTREVISTA
Centro estuda relações da leucemia
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Centro Infantil Boldrini, de
Campinas (SP), está aplicando
questionários a pais de lactentes
com leucemia -crianças de até
dois anos- para comprovar ou
não a relação entre agrotóxicos e
inseticidas e esse tipo de câncer.
O Instituto Nacional do Câncer
e o Hospital de Base de Brasília
também participam do estudo.
Pelo menos duas pesquisas
-uma delas tinha como base populacional a cidade industrial de
Manchester, na Inglaterra-
apontam uma possível relação
entre derivados de benzeno e metais pesados e a ocorrência de leucemia em lactentes. "É preciso
ampliar esses estudos", diz Silvia
Brandalise, presidente do Centro
Infantil Boldrini, que, na última
sexta, assumiu a secretaria geral
da Sociedade Latino-Americana
de Oncologia Pediátrica (Slaop).
No Brasil, ocorrem de 6.000 a
6.500 novos casos de câncer entre
crianças de até 15 anos. A leucemia é o tipo mais comum, com
25% a 30% das ocorrências, seguida de tumores no sistema nervoso
central, com cerca de 20%.
A notícia boa é que o Brasil vem
conseguindo níveis de cura do
câncer infantil de 60% a 70% nos
grandes centros urbanos -índices comparáveis aos de países do
Primeiro Mundo. Abaixo, trechos
da entrevista com Brandalise:
Folha - Quais as razões para os altos índices de cura entre crianças?
Silvia Brandalise - De um lado, o
país já conta com uma estrutura
de centros de referência para
diagnóstico e tratamento que nos
coloca dez anos à frente da média
dos latino-americanos. O projeto
Criança e Vida, da Fundação Banco do Brasil, em parceria com o
Ministério da Saúde e a Fundação
Orsa, vem mapeando os hospitais
e oferecendo recursos para o aprimoramento de suas práticas.
Quase todos os Estados participam de protocolos terapêuticos
vinculados à Sociedade Brasileira
de Oncologia Pediátrica.
Outra razão para o alto índice
de cura é que as células das crianças respondem melhor à quimioterapia. A desvantagem é que essas células se multiplicam muito
mais rapidamente, o que exige
um diagnóstico precoce.
Folha - O que a Slaop quer fazer?
Brandalise - Vamos desenvolver
estratégias políticas e econômicas
em termos de medicamentos, estudos de protocolos comuns, capacitação de profissionais e a manutenção das casas de apoio, com
a participação da sociedade civil.
Texto Anterior: Número de vítimas é subestimado Próximo Texto: Gilberto Dimenstein: A vida sexual do brasileiro passa pelo bolso? Índice
|