São Paulo, domingo, 25 de julho de 2004

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SAÚDE

Episódios freqüentes de infecção urinária podem estar ligados à falta de tratamento correto ou à baixa imunidade

Cistite de repetição preocupa médicos

CLÁUDIA COLLUCCI
FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Entre as doenças infecciosas, ela representa a segunda maior causa de consultas médicas, só perdendo para as infecções pulmonares. Por ano, pelo menos 4 milhões de brasileiros procuram os médicos queixando-se de cistite, infecção urinária do baixo ventre, que atinge especialmente as mulheres.
Um fato que tem preocupado os médicos é o aumento dos casos de cistite de repetição, caracterizada por mais de um episódio de infecção por ano. Uma das razões é a falta de diagnóstico correto.
A realização de uma cultura da urina (que pesquisa a existência de bactérias) e de um antibiograma (exame que aponta a resistência dos micróbios a antibióticos) é uma das medidas indispensáveis durante os episódios de cistite.
Na prática, porém, nem sempre isso acontece. O uso indiscriminado de antibióticos, muitas vezes sem acompanhamento médico, acaba criando bactérias cada vez mais resistentes.
Por isso, é fundamental pesquisar primeiro qual o tipo de bactéria presente e se ela é resistente a algum antibiótico, segundo a ginecologista Cláudia Gazzo, do Hospital do Servidor Estadual.
A médica afirma ser importante repetir a cultura de urina depois de 15 a 20 dias da terapia para se certificar de que o medicamento foi capaz de matar toda a colônia.
Também é preciso avaliar muito bem os casos que podem ser tratados com uma única dose. "Quando a cistite é recorrente, muitas vezes é preciso estender além da dose única", diz. O tratamento normal leva sete dias, mas, nos casos de recorrência, a terapia pode durar até três meses.
Para o urologista Paulo Ayroza Galvão, do Hospital Sírio-Libanês, a recorrência atinge muito mais as mulheres e alguns fatores podem determiná-la, tais como pacientes com diabetes, com cálculo renal ou grávidas.
No entanto ele afirma que em algumas pacientes não se consegue encontrar a causa. "Deve ter algum fator imunológico porque há mulheres que nunca tiveram a doença e outras que contraem cistite várias vezes", explica.
A infecção urinária pode ocorrer por várias causas, entre elas a falta de limpeza correta após a evacuação, que permite que a Escherichia coli (que habita o intestino) contamine a uretra.
Se o organismo estiver imunodeprimido por uma gripe, por exemplo, o cenário está pronto para que se instale um processo infeccioso, segundo os médicos.
Cálculos renais, alterações anatômicas da uretra ou má-formações do trato urinário também são fatores que podem provocar a cistite e precisam ser investigados caso haja crises freqüentes.
Um tipo de cistite que costuma ser de difícil diagnóstico é a intersticial, uma doença inflamatória vesical caracterizada pela freqüência miccional elevada e dor pélvica. Segundo Gazzo, muitas mulheres são tratadas como se tivessem simples cistites e tomam inúmeras doses de antibióticos. O ideal, diz ela, é a realização de uma citoscopia com biopsia da bexiga.


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