|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Episódios freqüentes de infecção urinária podem estar ligados à falta de tratamento correto ou à baixa imunidade
Cistite de repetição preocupa médicos
CLÁUDIA COLLUCCI
FERNANDA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL
Entre as doenças infecciosas, ela
representa a segunda maior causa
de consultas médicas, só perdendo para as infecções pulmonares.
Por ano, pelo menos 4 milhões de
brasileiros procuram os médicos
queixando-se de cistite, infecção
urinária do baixo ventre, que atinge especialmente as mulheres.
Um fato que tem preocupado os
médicos é o aumento dos casos de
cistite de repetição, caracterizada
por mais de um episódio de infecção por ano. Uma das razões é a
falta de diagnóstico correto.
A realização de uma cultura da
urina (que pesquisa a existência
de bactérias) e de um antibiograma (exame que aponta a resistência dos micróbios a antibióticos) é
uma das medidas indispensáveis
durante os episódios de cistite.
Na prática, porém, nem sempre
isso acontece. O uso indiscriminado de antibióticos, muitas vezes sem acompanhamento médico, acaba criando bactérias cada
vez mais resistentes.
Por isso, é fundamental pesquisar primeiro qual o tipo de bactéria presente e se ela é resistente a
algum antibiótico, segundo a ginecologista Cláudia Gazzo, do
Hospital do Servidor Estadual.
A médica afirma ser importante
repetir a cultura de urina depois
de 15 a 20 dias da terapia para se
certificar de que o medicamento
foi capaz de matar toda a colônia.
Também é preciso avaliar muito bem os casos que podem ser
tratados com uma única dose.
"Quando a cistite é recorrente,
muitas vezes é preciso estender
além da dose única", diz. O tratamento normal leva sete dias, mas,
nos casos de recorrência, a terapia
pode durar até três meses.
Para o urologista Paulo Ayroza
Galvão, do Hospital Sírio-Libanês, a recorrência atinge muito
mais as mulheres e alguns fatores
podem determiná-la, tais como
pacientes com diabetes, com cálculo renal ou grávidas.
No entanto ele afirma que em
algumas pacientes não se consegue encontrar a causa. "Deve ter
algum fator imunológico porque
há mulheres que nunca tiveram a
doença e outras que contraem cistite várias vezes", explica.
A infecção urinária pode ocorrer por várias causas, entre elas a
falta de limpeza correta após a
evacuação, que permite que a Escherichia coli (que habita o intestino) contamine a uretra.
Se o organismo estiver imunodeprimido por uma gripe, por
exemplo, o cenário está pronto
para que se instale um processo
infeccioso, segundo os médicos.
Cálculos renais, alterações anatômicas da uretra ou má-formações do trato urinário também
são fatores que podem provocar a
cistite e precisam ser investigados
caso haja crises freqüentes.
Um tipo de cistite que costuma
ser de difícil diagnóstico é a intersticial, uma doença inflamatória vesical caracterizada pela freqüência miccional elevada e dor
pélvica. Segundo Gazzo, muitas
mulheres são tratadas como se tivessem simples cistites e tomam
inúmeras doses de antibióticos. O
ideal, diz ela, é a realização de uma
citoscopia com biopsia da bexiga.
Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Incidência nas mulheres não é maior sempre Índice
|