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MATERNIDADE
Para profissionais, mau atendimento na periferia causa distorções
Médicos afirmam que pesquisa é "equivocada"
DA SUCURSAL DO RIO
O obstetra e ginecologista Bartolomeu Penteado Coelho, diretor da Câmara Técnica de Ginecologia e Obstetrícia do Cremerj
(Conselho Regional de Medicina
do Rio de Janeiro), afirma não
acreditar que haja preconceito
contra as gestantes negras.
De acordo com ele, o que pode
acontecer é as mulheres de classes
sociais mais baixas e de pouca escolaridade sofrerem com atendimentos malfeitos devido à falta de
instrução.
"Mulheres grávidas mais pobres e sem estudo não têm condições financeiras nem discernimento suficiente para procurar
um bom posto de saúde ou hospital público e acabam sendo prejudicadas", disse Coelho.
Na opinião de Coelho, que já
trabalhou na Maternidade Municipal Alexander Fleming e no
Hospital Estadual Carlos Chagas,
ambos em Marechal Hermes (zona norte do Rio), não existe diferença de atendimento em unidades da rede pública. "O tratamento é idêntico."
O médico afirmou que a pesquisa mostra uma conclusão equivocada.
"Em alguns lugares, como na
Baixada Fluminense [periferia do
Rio], o atendimento nos hospitais
públicos é ruim, não importa a
cor da pessoa. Acontece que nesses lugares a maioria dos pacientes é pobre e grande parte deles é
composta por negros. Como as
gestantes negras são maioria, a
pesquisa acaba concluindo que
elas recebem um atendimento
pior, quando, na verdade, as
brancas é que são poucas."
O médico afirma que, durante
os 35 anos em que trabalhou em
unidades públicas, nunca presenciou um ato de discriminação durante os atendimentos às mulheres grávidas.
"Nem mesmo hoje, que trabalho numa clínica particular, presencio coisas desse tipo. Um obstetra não se importa com a cor. A
gestante é a nossa paciente", disse
Coelho.
Rosana Benevides, ginecologista e obstetra, também não concorda com as conclusões apontadas pela pesquisa e culpa o serviço
público pelo mau atendimento
tanto das mulheres brancas quanto das negras.
"Isso é um problema crônico do
serviço público de saúde. Num local onde o médico recebe baixos
salários e trabalha sem condições
ideais para atender às mulheres,
ele vai atender mal, não importa a
cor", alega.
Segundo ela, o preconceito também não existe nos hospitais e clínicas particulares, onde os profissionais são mais bem preparados
e, portanto, não fariam distinção
entre as pacientes.
Rosana trabalha numa clínica
particular em Niterói (14 km do
Rio) e dá plantões no Hospital
Municipal Orêncio de Freitas e no
Hospital Universitário Antônio
Pedro, da Universidade Federal
Fluminense, ambos na cidade.
(SP)
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