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Para E.L.S., "prostituição é normal"
DA AGÊNCIA FOLHA EM MANAUS
E.L.S., 14, não tira o celular das
mãos. O aparelho é o elo dela com
o aliciador e os clientes, entre eles
empresários, policiais militares e
até delegados de polícia. Ela começou a fazer "programas" aos
13, a convite de um travesti chamado Simon. Desistiu de estudar
em uma cidade do interior do
Amazonas quando estava na 6ª
série do ensino fundamental.
O "ponto" dos programas é a
principal avenida de Manaus, a
Getúlio Vargas. E. disse que não
tem sonhos de ter uma profissão
ou uma família. Ela quer continuar na prostituição.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista da menor.
Folha - Por que você deixou sua
família para se prostituir?
E.L.S. - Eu conheci uma pessoa
há três anos. Ele me chamava
sempre para conhecer novos
clientes. Mas eu tinha muito medo. Quando fiz 13 anos fugi de casa para fazer programas em Manaus. Queria ganhar dinheiro e
comprar as coisas que desejava.
Folha - Como essa pessoa conseguia os programas para você?
E. - Ficamos sempre na avenida
Getúlio Vargas, na rua mesmo. O
preço é R$ 70, mas tenho de dar
R$ 10 para o agente. Com celular
ficou fácil. Muitos ligam direto.
Folha - Você não quer sair da
prostituição, ter uma família?
E. - Ninguém tem o direito de me
tirar da prostituição só porque
sou menor. Eu acho [a prostituição" uma coisa normal. Já vi meninas de 10 anos fazendo programas na avenida Getúlio Vargas.
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