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Check-up deve começar aos 50 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
O envelhecimento natural traz
diminuição da memória, das funções cognitivas e o retardamento
dos movimentos. Mas, quando
essas dificuldades impedem uma
vida normal, podem ser sinal de
um dos 50 tipos de doenças que
causam demências.
"Muitos pacientes e até médicos
demoram a procurar ou recomendar o tratamento porque
pensam que é algo natural da velhice", diz a neuropsicóloga Jacqueline Abrisqueta-Gomez, que
defende um check-up das funções
neurológicas por meio de testes e
de exames de imagem a partir dos
50 anos de idade.
Alguns casos de demência são
tratáveis, como as causadas por
distúrbios hormonais, por deficiência de vitaminas e por determinados tipos de tumores.
Mesmo as demências que não
têm cura podem ter a progressão
retardada com abordagens com
drogas e reabilitação se o tratamento começar cedo.
A pianista Feliberta Oreggia
Pregola, a Berta, cuja história
abriu a reportagem, começou a se
tratar cedo. Uma de suas filhas
notou o problema e algum tempo
depois procurou ajuda no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Berta, que nasceu na Itália, fala
claramente de sua doença. "Eu
me sinto bem esquecida. Mas graças a Deus não falo bobagens."
Sua mãe também teve a doença,
com uma evolução muito ruim.
Depois de passar pela reabilitação cognitiva no hospital, Berta
melhorou sua orientação no espaço e no tempo, com uso da agenda
e do calendário, e passou a ficar
menos desconfiada e temerosa
em relação à doença.
Em casa, ela gosta de tocar piano e ver TV. Berta ainda sai com
amigas para ir ao bingo ou jogar
baralho, atividade que adora.
"Mas só gosto de jogar por dinheiro. Sem isso, para que jogar?"
"A terapia foi uma maravilha",
diz a filha Maria de Lourdes, que
recebeu as orientações para os
cuidadores. "Aprendi a relevar."
Estudos recentes mostraram
que a atividade intelectual pode
ser uma maneira de prevenir as
demências. Pessoas que lêem, escrevem e praticam atividades artísticas teriam menos chances de
ter o distúrbio.
Na semana passada, o papa João
Paulo 2º, que sofre do mal de Parkinson, pela primeira vez não
conseguiu ler parte de um de seus
discursos em italiano.
A doença é um distúrbio neurológico degenerativo que causa tremores e também pode levar à demência. Segundo o neurologista
Claudio Fernandes Corrêa, chefe
do Cetrami (Centro de Tratamento de Movimentos Involuntários)
do Hospital Nove de Julho de São
Paulo, as estatísticas mostram que
a demência atinge até 40% dos
portadores de Parkinson.
"Na minha opinião, a taxa mais
real fica entre 15% e 30% no oitavo ou décimo ano da doença", declarou Corrêa.
Alguns trabalhos demonstram
que drogas utilizadas contra a
doença, depois de metabolizadas,
podem ter efeito tóxico sobre as
células nervosas.
O Cetrami cadastra pessoas para diagnóstico e orientação gratuita sobre o mal de Parkinson pelo fone 0/xx/11/3147-9890.
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