São Paulo, quarta-feira, 26 de junho de 2002

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ANÁLISE

Fator eleição pesou na greve

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A prefeita Marta Suplicy tem razão quando diz que a Força Sindical teve interesses eleitorais na greve dos motoristas. Paulinho, ex-presidente da central, foi informado a todo momento sobre a condução das negociações, deu conselhos à categoria e tira proveito direto do desgaste do PT.
Mas a paralisação só foi deflagrada porque todas as negociações foram pautadas pela eleição, incluindo as ações da própria Marta e das viações de ônibus.
Os empresários tentavam desde março empurrar com a barriga a tomada de decisões. Chegaram a propor formalmente a concessão de reajuste somente em novembro. Ou seja, logo após as eleições, quando obter vantagens do governo seria muito mais fácil.
Eles sabem que, por motivos eleitorais, Marta jamais compraria a impopularidade de aumentar agora a tarifa de R$ 1,40 ou voltar com a política de subsídios.
Os empresários, porém, já ouviram rumores de que a passagem pode subir para R$ 1,50 em janeiro de 2003. E querem mais.
A prefeitura foi muito criticada porque nunca esteve tão longe das negociações entre patrões e empregados. Marta não queria participar porque sabia que não dava para ceder. E não cedeu.
Mas esse posicionamento não tem sido uniforme na atual administração, por mais que Marta tenha aumentado as multas contra as viações e exigido ônibus novos.
A prefeita reclama porque as greves são usadas pelos empresários como instrumento de chantagem, mas ela ajudou a alimentar essa prática. O maior problema quando ela abre mão de uma taxa de R$ 0,02, como fez no mês passado, não é a falta de R$ 1,9 milhão por mês. Toda vez que a prefeitura cede, pouco que seja, os empresários alimentam a esperança de que podem conseguir mais.



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