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ANÁLISE
Fator eleição pesou na greve
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
A prefeita Marta Suplicy tem razão quando diz que a Força Sindical teve interesses eleitorais na
greve dos motoristas. Paulinho,
ex-presidente da central, foi informado a todo momento sobre a
condução das negociações, deu
conselhos à categoria e tira proveito direto do desgaste do PT.
Mas a paralisação só foi deflagrada porque todas as negociações foram pautadas pela eleição,
incluindo as ações da própria
Marta e das viações de ônibus.
Os empresários tentavam desde
março empurrar com a barriga a
tomada de decisões. Chegaram a
propor formalmente a concessão
de reajuste somente em novembro. Ou seja, logo após as eleições,
quando obter vantagens do governo seria muito mais fácil.
Eles sabem que, por motivos
eleitorais, Marta jamais compraria a impopularidade de aumentar agora a tarifa de R$ 1,40 ou voltar com a política de subsídios.
Os empresários, porém, já ouviram rumores de que a passagem
pode subir para R$ 1,50 em janeiro de 2003. E querem mais.
A prefeitura foi muito criticada
porque nunca esteve tão longe das
negociações entre patrões e empregados. Marta não queria participar porque sabia que não dava
para ceder. E não cedeu.
Mas esse posicionamento não
tem sido uniforme na atual administração, por mais que Marta tenha aumentado as multas contra
as viações e exigido ônibus novos.
A prefeita reclama porque as
greves são usadas pelos empresários como instrumento de chantagem, mas ela ajudou a alimentar
essa prática. O maior problema
quando ela abre mão de uma taxa
de R$ 0,02, como fez no mês passado, não é a falta de R$ 1,9 milhão
por mês. Toda vez que a prefeitura cede, pouco que seja, os empresários alimentam a esperança de que podem conseguir mais.
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