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Estradas paulistas têm só 1 bafômetro a cada 290 km
Nas rodovias federais, há um equipamento disponível a cada 150 quilômetros
Para especialistas, número é insuficiente e dificultará a fiscalização da nova lei, que tornou mais rígido o veto a dirigir sob efeito do álcool
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA REPORTAGEM LOCAL
Para fiscalizar os 24 mil quilômetros de estradas estaduais
em São Paulo, a Polícia Rodoviária Estadual conta com apenas 82 bafômetros. Isso significa um aparelho em funcionamento a cada 290 quilômetros.
Até sexta, no entanto, eram
apenas 20 os aparelhos disponíveis nas estradas. Nessa data,
o DER (Departamento de Estradas de Rodagem) forneceu
62 novos bafômetros à polícia.
Cada bafômetro custa, em média, R$ 7.000, segundo a Polícia
Militar de São Paulo.
Na opinião de dois especialistas em trânsito ouvidos pela
Folha, esse número é insuficiente para a fiscalização da nova lei, em vigor justamente desde a última sexta, que tornou
ilegal dirigir com concentração
a partir de dois decigramas de
álcool por litro de sangue (ou
0,1 mg de álcool por litro de ar),
o equivalente a um chope (veja
quadro nesta página).
Eles defendem uma ação
concentrada. Para isso, dizem,
seriam necessários de 200 a
250 aparelhos.
O professor da Escola Politécnica da USP Jaime Waisman defende um esforço parecido com o feito quando o cinto
de segurança se tornou obrigatório, no início dos anos 90.
"A prefeitura encheu a cidade de marronzinhos para aplicar multas", afirma o professor.
"Infelizmente, essa é a forma
de educar as pessoas. Tem que
ser na base do tranco."
Diretor da Abramet (Associação Brasileira de Medicina
de Tráfego), José Montal tem
opinião parecida. "Se a população não perceber que a lei está
viva, há grandes chances de ela
virar letra morta", diz Montal.
De acordo com ele, há uma
média de 1.200 policiais a cada
momento fiscalizando as estradas. Contando cinco homens
por posto, seriam necessários
de 240 a 250 bafômetros para
que todos tivessem condição de
utilizá-los nas blitze.
"Pela prevalência do uso do
álcool nas estradas brasileiras,
os atuais 82 bafômetros me parecem pouco", afirma Montal.
A Polícia Rodoviária Estadual está testando 30 bafômetros "passivos", que apontam a
concentração de álcool quando
alguém se aproxima -sem a
necessidade de soprar.
Na capital, a Polícia Militar
usa 14 bafômetros em seus comandos de fiscalização. Até o
fim do mês, outros 45 aparelhos devem passar a ser usados.
Estradas federais
Nas estradas federais do país,
a situação é um pouco menos
pior. Para fiscalizar 61 mil quilômetros de rodovias, a Polícia
Rodoviária Federal conta com
500 bafômetros, que ficam nos
400 postos. Descontados os
aparelhos que vão para manutenção, isso significa um aparelho a cada 150 km.
Como, às vezes, a distância
entre um posto e outro é maior
do que 150 km, alguns motoristas têm de ser conduzidos por
até 100 km para serem submetidos ao teste, diz Alexandre
Castilho, diretor do departamento de comunicação social
da Polícia Rodoviária Federal.
Segundo ele, dos 500 bafômetros, entre 10% e 15% costumam estar em manutenção. O
ideal, diz, é que existisse um para cada veículo (2.000), o que
deve ocorrer em dois anos.
Apesar da dificuldade, o número de flagrantes de motoristas alcoolizados em rodovias
federais aumentou mesmo antes da nova lei. Em 2007, 6.950
motoristas foram autuados por
embriaguez. Neste ano, até o
fim de maio, foram 4.199.
Mônica Melo, presidente da
Associação Nacional de Detrans (Departamentos Estaduais de Trânsito), afirma que
os governos têm, sim, condição
de fiscalizar. "Ela [a fiscalização] não é onipresente, mas
existe e pode ser uma grande
inibidora de atos infracionais."
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