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Idoso viu casa ser demolida no dia em que obra foi embargada
LUISA BELCHIOR
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA ONLINE, NO RIO
Mesmo vendo sua casa sendo
posta abaixo na manhã de anteontem, o aposentado Alberico Ferreira, 67, estava feliz: era
a chance de reformar o imóvel.
No entanto, horas depois da demolição -feita por operários
do projeto Cimento Social, no
morro da Providência-, o TRE
(Tribunal Regional Eleitoral)
do Rio embargou as obras.
Ontem, repleto de tijolos e
destroços das paredes demolidas, o terreno de Ferreira era o
retrato do estado de 30 das 742
casas com reformas previstas.
Restava de pé apenas o quarto onde o aposentado dorme,
de cerca de 10 m2. O resto da família, que ocuparia a área reformada, terá de morar de aluguel, segundo o aposentado.
"Minha casa não existe mais.
Estou sem água, porque a caixa
d"água também foi demolida",
disse Ferreira.
Segundo o operário encarregado pelas obras Alex de Oliveira, 16 das 30 casas incluídas no
projeto e com obras inconclusas estão sem condições de habitação por não terem o telhado ou parte dele.
"Se o problema é que o projeto é eleitoreiro, troca o nome
Cimento Social pelo de PAC
[Programa de Aceleração do
Crescimento] e resolve tudo",
sugeria Antonio de Souza, 19,
um dos 150 operários das obras
que amanheceram ontem sem
emprego na porta do canteiro
de obras do projeto, lacrado pela Justiça Eleitoral.
"Deixamos massa na parede,
tudo pela metade", contou o
pedreiro João Batista Aguiar,
37, que disse depender do salário de R$ 902 que ganhava no
projeto para sustentar os quatro filhos. "Se a obra era ilegal,
eles tinham que arrumar uma
forma de punir os culpados."
A casa de Geliciano Furtado,
26, é uma das que ficaram com
camadas de cimento incompleta. Quando receberam a ordem
de parar os trabalhos, operários do projeto cimentavam, no
imóvel de Furtado, a parede da
área de serviço. Com o telhado
da casa também incompleto,
goteiras alagavam a sala de jantar. "Quando chove, como hoje,
molha tudo", disse Natalie da
Rosa, 19, namorada de Furtado.
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