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Projeto saiu do papel por influência política de Crivella
DA SUCURSAL DO RIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
As obras do projeto "Cimento Social" aconteceram por influência política do senador
Marcelo Crivella (PRB-RJ) no
governo federal.
Pouco mais de um mês e
meio após apresentar o projeto
541/2007 ao Senado, que até
hoje não foi aprovado, Crivella
viu o Ministério das Cidades fazer um destaque orçamentário
e transferir R$ 1,953 milhão para o Ministério da Defesa.
Os recursos e a presença ostensiva do Exército -cujo comando de área se manifestou,
por escrito, contrário à participação no empreendimento-
foram garantidos pelo governo.
O montante, liberado em 30
de outubro e publicado no
"Diário Oficial" da União do dia
seguinte, destinou-se à primeira etapa do programa, com previsão de reparo em 80 casas.
Antes, Crivella havia tentado
uma parceria com a Prefeitura
do Rio. Em março de 2007, chegou a fazer uma feijoada na
Providência para lançar o Cimento Social, mas a parceria
não vingou. O senador, então,
procurou o governo federal.
As obras começaram em 13
de dezembro, três meses depois
da apresentação inicial do projeto. Até ontem, porém, mais de
sete meses após o início das
obras, apenas 14 casas estavam
prontas -e 16 em andamento.
A essa altura, em dezembro,
já com os recursos garantidos,
Crivella nem sequer se preocupava mais em aprovar no Senado o projeto, que continua na
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional desde 27
de setembro, quando chegou.
Apesar dos recursos e do início das obras, ainda não havia
convênio entre os ministérios
das Cidades e da Defesa -o que
não é obrigatório, segundo a
pasta das Cidades. O convênio
só foi firmado em 31 de janeiro,
três meses após a liberação de
recursos e um mês e meio depois do começo das obras.
O documento que justificou a
primeira injeção de recursos foi
o ofício número 238 do Departamento de Engenharia e
Construção do Exército, enviado em 25 de outubro, pelo general-de-brigada José Ricardo
Kümmel, diretor de obras militares, à subsecretária de Planejamento, Orçamento e Administração, Magda Cardoso.
O general explicava que se
tratava do "projeto Cimento
Social, de autoria do senador
Marcelo Crivella, cuja execução está a cargo do Ministério
da Defesa, por intermédio do
Exército Brasileiro". Citava o
que deveria ser feito e o valor,
R$ 1.953.150,00. Cinco dias depois, o valor foi liberado.
Em janeiro deste ano, o Ministério das Cidades repassou
mais R$ 12 milhões, relativos a
melhorias em mais 662 casas,
na segunda etapa da obra, orçada em R$ 11,85 milhões.
A Folha contatou a assessoria de imprensa de Crivella,
mas não obteve resposta.
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