|
Próximo Texto | Índice
Hospitais poupam R$ 4,5 mi com lei seca
Cálculo é da Secretaria da Saúde de SP, com base em levantamento feito nos 30 hospitais estaduais da região metropolitan
O valor economizado por ano, cerca de R$ 54 milhões, possibilitaria a construção de um hospital público de médio porte, com 200 leitos
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
Os 30 hospitais públicos estaduais da região metropolitana de São Paulo contabilizaram
uma economia de aproximadamente R$ 4,5 milhões no primeiro mês de vigência da lei seca, de acordo com cálculos feitos pela Secretaria de Estado da
Saúde a pedido da Folha.
Em um ano, a economia seria
de R$ 54 milhões, o que equivale ao custo anual de um hospital estadual de médio porte
(cerca de 200 leitos), como o de
Taipas e o da Vila Penteado,
ambos na zona norte de São
Paulo. Com R$ 54 milhões,
também seria possível construir um hospital do mesmo
porte. O Orçamento anual da
secretaria é de R$ 9 bilhões.
A economia se deveu à redução do número de vítimas de
acidentes graves de trânsito
provocados por motoristas alcoolizados. A quantidade desse
tipo de paciente, um mês após
o início da lei seca, caiu à metade nos hospitais estaduais.
De 19 de maio a 18 de junho,
as emergências daqueles 30
hospitais, entre eles o Hospital
das Clínicas (o maior da América Latina), atenderam 9.102
pessoas envolvidas em colisões, atropelamentos e quedas
de moto. De 19 de junho (data
em que a lei foi sancionada) a
20 de julho, atenderam 4.449.
"Essa é uma economia que
não dá para ser desprezada. Os
hospitais estão sempre precisando de dinheiro", diz o secretário estadual da Saúde, Luiz
Roberto Barradas Barata.
"Com a redução nas emergências, será possível aumentar as
internações de pacientes que
aguardam por uma cirurgia."
A Secretaria da Saúde chegou à cifra considerando que
uma vítima internada custa R$
3.000 (custo de remédios, exames, cirurgias e todos os gastos
da hospitalização) e que um
acidentado em estado menos
grave que é liberado em seguida custa em média R$ 500
(com remédios e exames).
A lei seca aumentou o rigor
contra as pessoas que dirigem
depois de beber. Prevê multa,
perda do direito de dirigir, prisão do motorista e retenção do
carro. O máximo permitido são
dois decigramas de álcool por
litro de sangue, o que equivale,
em média, a um copo de chope.
Para garantir o cumprimento da norma, policiais têm feito
blitze nas cidades e submetido
os motoristas ao teste do bafômetro. A lei seca entrou em vigor no dia 20 de junho, um dia
após ser sancionada, e vale em
todo o território nacional.
Ceará
Fazendo um cálculo semelhante, o IJF (Instituto José
Frota), em Fortaleza, maior
hospital de urgência do Ceará,
estima que a queda nos acidentes após a lei seca irá proporcionar uma economia de R$ 5 milhões à instituição neste ano.
Apenas neste primeiro mês
de fiscalização, em relação à
média dos meses anteriores,
houve redução de 26% no número de atendimentos a feridos em acidentes de moto, 13%
em atropelamentos e 12% em
batidas de carro.
Houve ainda redução de 20%
nos atendimentos a vítimas de
acidentes registrados de 20 de
junho a 21 de julho deste ano,
ante o mesmo período de 2007
-foram 1.029 atendimentos no
ano passado e 819 neste ano.
O hospital, que é municipal,
gasta R$ 40,5 milhões anuais
com acidentes de trânsito.
Fiscalização
Mais que o rigor da lei, a redução de acidentes também está ligada ao aumento da fiscalização. Até 18 de junho, a média
diária era de 48 abordagens e 19
testes do bafômetro. No primeiro mês da lei, passou para
163 abordagens e 70 testes.
Em contrapartida, o número
de prisões caiu para um terço,
de 1.134 no primeiro período
(ou 6,7 por dia) para 65 (2 por
dia). A explicação é a mesma: os
acidentes caíram. Antes, mesmo realizando menos operações para flagrar motoristas
embriagados, a polícia acabava
enquadrando, também por embriaguez, pessoas que se envolviam em acidentes no trânsito.
Colaboraram CINTHIA RODRIGUES e a Agência
Folha, em Fortaleza
Próximo Texto: "A qualidade do serviço é outra", diz chefe de pronto-socorro Índice
|