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Procurador quer banir imagens em cigarros
Ilustrações inseridas em maços de cigarro são alvo de ação movida pelo Ministério Público Federal em Santa Catarina
Procurador nega que a ação defenda interesses da indústria local; Anvisa diz que aguarda ser notificada para se manifestar sobre o caso
PABLO SOLANO
DA AGÊNCIA FOLHA
O Ministério Público Federal
em Santa Catarina quer derrubar na Justiça a obrigação da
indústria do cigarro de estampar imagens agressivas de advertência nas embalagens do
produto, uma das principais estratégias do Ministério da Saúde contra o tabagismo.
A ação partiu da Procuradoria em Blumenau, onde há uma
fábrica da indústria de cigarros
Souza Cruz. De acordo com o
Ministério Público do Trabalho, mais de 30 cidades próximas produzem tabaco.
O procurador João Marques
Brandão Néto, 51, nega que a
ação defenda interesses da indústria local. Disse ter sido motivado por solicitação de um
advogado que classificou as
imagens nos maços como uma
"afronta à dignidade humana".
Ele diz ter fumado dos 14 aos 32
anos, quando teve um problema no coração e parou.
A Procuradoria pede na ação
que imagens de pessoas ou partes do corpo humano não sejam
utilizadas nas embalagens.
Em maio, o Ministério da
Saúde anunciou a troca das
atuais imagens por outras mais
agressivas. Segundo a Anvisa
(Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a resolução oficializando as novas ilustrações
deve ser aprovada pela agência
em 5 de agosto, dando nove meses de prazo para a mudança.
"As imagens são apelativas. É
baixaria. Tudo tem que ter um
limite, e a Anvisa passou do limite ao usar as imagens de pessoas em situação degradante",
afirmou o procurador.
Brandão Néto defende na
ação, caso a obrigação de veiculação das imagens continue, a
criação de estratégia semelhante contra o alcoolismo, com inserção de imagens agressivas
nas embalagens de bebidas. Para ele, seria uma forma de garantir igualdade aos produtos.
O procurador afirma que não
há comprovação científica da
eficiência dessas imagens no
combate ao tabagismo.
A Anvisa informou que
aguarda notificação oficial para
se pronunciar. Ao anunciar as
novas imagens, o governo disse
que a seleção levara em conta
estudos com jovens de 18 a 24
anos, para verificar eventual
aversão às ilustrações.
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