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AGUINALDO DE MIRANDA ALBERT (1926-2008)
O tenor que roubou a cena de Pavarotti
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Naquela noite de 1991,
Aguinaldo Albert surpreendeu até Luciano Pavarotti.
Afinal, quem pensaria que o
cantor escalado para se apresentar no intervalo seria ovacionado pelo público, com
sua voz de azarão, a ponto de
a imprensa lhe atribuir o destaque do show? "Tenor bom
é tenor louco", concluiu o batizado "Pavarotti-cover".
Louco não era, mas "gostava de aparecer", diz o filho.
Neto de um engenheiro francês que instalou-se em Recife para fazer estradas de ferro, lá nasceu e cresceu, "moço forte e bonito". Já cantava,
tanto no coro da escola quanto as meninas da cidade.
Chegou a São Paulo aos 17
e foi trabalhar como redator
comercial na rádio Tupi, onde o chefe percebeu a "voz
bela e encorpada" e vaticinou: seria um grande tenor.
Ele até começou as aulas
com maestros, no tempo que
sobrava da real profissão, representante comercial de sapatos. Mas cantar era a vida
paralela "de um romântico,
sem disciplina para estudar".
"Um dia ganhou um concurso de cantores amadores
na TV. Ficou conhecido, fez
pontas em óperas do Teatro
Municipal, foi para a Itália
cantar no Teatro Massimo di
Palermo, mas acabou deixando a carreira pela metade. A labuta mesmo era com
sapatos. E "o hobby era cantar as mulheres", diz o filho.
Dos três casamentos tinha
quatro filhos, seis netos e
dois bisnetos. Morreu dia 14,
aos 82, de insuficiência respiratória. "Foi um Don Juan
que viveu gostosamente".
obituario@folhasp.com.br
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