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TURISMO SEXUAL
Caso veio à tona com naufrágio de embarcação; programas ocorreriam em barcos em rota de pesca esportiva
Nova rota de prostituição infantil no AM é investigada
KÁTIA BRASIL
DA AGÊNCIA FOLHA, EM MANAUS
A Polícia Civil do Amazonas está investigando uma nova rota de
prostituição infantil para o turismo sexual no município de Barcelos, 450 km a oeste de Manaus,
um dos principais destinos de
pesca esportiva na região amazônica. As investigações apontam
que meninas de 14 a 17 anos são
aliciadas em casas de shows da capital para programas com turistas
-brasileiros e estrangeiros-
por quantias de R$ 800 a R$ 1.500.
A polícia afirma que os programas acontecem dentro de iates de
luxo, no percurso da viagem pelo
rio Negro, ou nos hotéis de selva.
Segundo pesquisa do Cecria
(Centro de Referência, Estudos e
Ações sobre Crianças e Adolescentes), das 76 rotas internacionais e interestaduais de tráfico de
mulheres, crianças e adolescentes
no Norte, 20 partem de Manaus.
A delegada Graça Silva, titular
da Deapca (Delegacia Especializada de Assistência e Proteção à
Criança e ao Adolescente), disse
que a nova rota foi exposta com o
naufrágio de uma embarcação no
último dia 19, quando morreram
cinco meninas -duas menores.
"A tragédia expôs a rota do turismo sexual para turistas que participam da temporada de pesca. É
preciso medidas urgentes para
coibir esse crime contra crianças e
que fere ainda a imagem do turismo no Amazonas", disse.
Na Deapca, famílias das vítimas
do acidente denunciaram a autônoma Dilcilane de Albuquerque
Amorim, 33, conhecida como Dil,
como aliciadora. Na quinta, Dil
depôs e foi indiciada por crime de
favorecimento à prostituição.
A advogada da autônoma, Maria Goreth Terças de Oliveira, disse no dia que sua cliente não iria
falar e que todos os esclarecimentos constavam do depoimento.
No documento, ao qual a reportagem teve acesso, Dil negou ter
recebido R$ 100 por garota contratada, mas declarou que um
empresário paulista a contatou
para o pacote turístico de pelos
menos dez homens.
"Ele disse que o passeio seria
muito divertido e que todas as
despesas, desde hospedagem a
alimentação, seriam pagas por
seus amigos. Convidei algumas
amigas", afirmou ela ao depor.
A delegada Graça Silva investiga
ainda a envolvimento de mais
dois aliciadores de menores, além
de agentes de turismo, empresários e políticos.
Ela disse que alguns agenciadores de turismo da pesca incluem
as meninas no negócio antes de os
turistas chegarem.
Para pescar na região, um turista gasta em média US$ 3.900..
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