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SAÚDE
Terapia com imunomoduladores tópicos provoca menos efeitos colaterais que as pomadas e cremes de corticóide
Dermatite atópica tem novo tratamento
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
O tratamento da dermatite atópica -inflamação da pele que
atinge 20% das crianças até cinco
anos e 5% dos adultos- conta
com novas drogas chamadas
imunomoduladores tópicos, que
atuam seletivamente sobre as
substâncias que desencadeiam a
doença, sem provocar os efeitos
colaterais verificados com o uso
do corticóide tópico.
Embora sejam reconhecidamente eficazes nas crises de dermatite, as pomadas e os cremes de
corticóide, quando usados a longo prazo, penetram na pele, causando diversos danos, como atrofia (afinamento) e estrias. Esses
antiinflamatórios também podem espalhar a doença para outras regiões do corpo por absorção sistêmica.
Segundo a médica Regina Carneiro, coordenadora do departamento de dermatologia pediátrica
da SBD (Sociedade Brasileira de
Dermatologia), os imunomoduladores tópicos conseguem a
mesma eficácia dos corticóides no
controle das crises de dermatite,
porém, por não provocar efeitos
colaterais, são mais seguros, especialmente para as crianças.
As novas drogas, que incluem o
tacrolimo e a pimecrolimo, inibem a liberação de certas citocinas (substâncias que regulam a
resposta imunológica) nas células
inflamatórias, agindo diretamente na "fonte" da inflamação.
No Brasil, apenas o pimecrolimo (Novartis) está à venda, ao
preço médio de R$ 80 o tubo de 15
gramas (com desconto). O tacrolimo (Roche), aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), está sendo lançada no congresso brasileiro de
dermatologia, que começa amanhã em Natal, e chega às farmácias brasileiras no próximo ano.
Carneiro diz que, além da dermatite atópica, essas drogas também estão se mostrando eficazes
no tratamento de outras doenças
inflamatórias da pele, como o lupus e a psoríase.
Para o dermatologista Roberto
Takaoka, os imunomoduladores
tópicos já utilizados no Brasil são
mais eficazes em casos de dermatites leves e moderadas. "Nos casos graves e durante as crises, ainda temos de lançar mão dos corticóides. A resposta é mais rápida."
Embora tenha uma ação antiinflamatória em dois ou três dias, os
corticóides tópicos podem provocar o "efeito rebote", ou seja, logo
depois da utilização, as lesões podem reaparecer mais intensas.
A professora de biologia Mirian
Vasconcellos, 40, que tem dermatite atópica no rosto desde a idade
de três meses, já perdeu as contas
dos episódios de efeito rebote que
enfrentou com o uso dos corticóides. "O rosto ficava inchado e vermelho", conta. Ela afirma que não
voltou a ter esse tipo de reação
com os imunomoduladores.
Além do efeito rebote, a recidiva
das lesões pode ser em razão da
taquifilaxia, ou seja, tolerância a
determinada potência do corticóide. Por exemplo, o médico indica um tipo de corticóide de média potência, mas seu uso repetido pode deixar de surtir efeito e é
preciso partir para um de alta potência, aumentando as chances de
danos à pele e absorção sistêmica.
De acordo com a pediatra Aline
Buerger, gerente médica da Roche, estudos envolvendo mais de
13 mil crianças e adultos mostraram que a tacrolimo é eficaz também em casos de dermatites graves, ou seja, poderia substituir,
com muito mais segurança, os
corticóides. Ela estima que a droga, quando chegar ao Brasil, deva
custar em torno de R$ 110.
Médicos dizem que nas últimas
três décadas a prevalência da dermatite atópica vem aumentando,
chegando até mesmo a triplicar
em algumas regiões do mundo.
A explicação, afirma Carneiro,
estaria no crescimento de agentes
tóxicos desencadeadores de alergias, como a poluição ambiental e
o uso de corantes e conservantes.
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