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COMPORTAMENTO
Celebrações infantis ganham detalhes e orçamento maior para contemplar sonhos e exibir conquistas da família
Pais utilizam festa dos filhos como vitrine
PAULO SAMPAIO
DA REVISTA
A festa de aniversário está decidida. Começa com coquetel às
13h, almoço para 150 convidados,
mesa com 1.200 doces e várias
atrações, como os "covers" de
Sandy e Júnior. Ao longo da tarde,
cinco barracas oferecerão pizza,
pastel, cachorro-quente, pipoca e
hambúrguer. O parabéns está
previsto para as 17h, depois de um
videoclipe com os melhores momentos da aniversariante. Detalhe: a personagem em questão,
Marcela*, está fazendo um ano.
"A festa do primeiro aninho da
criança não é para ela, mas para a
mãe. É a hora em que a gente
apresenta o filho para a sociedade", explica a empresária Luiza*,
39, mãe da menina.
Nesses casos, quanto mais espetáculo, melhor. No de Marcela, a
extensa programação marcada
no convite inclui 3.000 balões,
mágicos, gincanas, competições e
cinco máquinas eletrônicas. Um
telão exibirá o tempo todo histórias de princesas, tema da festa,
mescladas com a da aniversariante, que será filmada ao vivo.
"A síndrome da celebridade tomou conta do cenário infantil",
diz a recreadora de festas infantis
Sílvia Paulita, 41, no mercado há
26 anos. "Sei que tenho responsabilidade grande, por isso não toco
Xuxa nem Eliana. Mas não adianta brincadeira educativa. Um de
meus personagens de maior sucesso é o "fotógrafo de Caras". As
crianças adoram posar para ele."
Nessas quase três décadas no ramo, Sílvia teve de gastar seus neurônios para atender à demanda
cada vez maior de pais que querem estréia espetacular para os
pimpolhos. Chegou a vestir-se de
"Mamãe Noel" para levar uma
jóia de família a uma criança que
ainda não tinha nascido. O pai
nem sequer sabia o sexo do bebê.
"A mãe, grávida, recebeu a jóia.
Quando a menina nasceu, ele me
chamou de novo para levar um
relógio suíço Bulova", diz Sílvia.
O mercado da criança-evento
aplaude de pé. Não existe solicitação absurda o suficiente para intimidá-lo. Vale vestir o bebê de Elvis Presley; colocar um animal selvagem (ou quase) circulando;
produzir livrinhos infantis personalizados com o nome de cada
convidado na capa. Seja qual for a
grande idéia dos pais -a mãe é
mais criativa, de acordo com os
relatos-, há sempre um profissional para tocar a fantasia.
"As festas chegaram a um ponto
de aprimoramento que não dá
para preparar tudo sozinha", conta a artista plástica Genny Gari,
50, que há 15 anos trocou a produção de desenhos animados pela
de painéis em festinhas infantis.
Fotografar ou filmar em vídeo
doméstico também é coisa antiga:
bacana é contratar um "videomaker" para fazer um clipe. Ou um
show de rock com canhões de luz.
Também pega bem o aniversariante, que lá pelo meio da festa já
dormiu, agradecer a presença dos
convidados com um presente -o
livrinho de histórias com edição
limitada, por exemplo.
Para criar o "Animal Kingdom", com cenário de selva que
imita o parque da Disney, a empresária de eventos Andréa Guimarães, 34, cobrou R$ 32 mil.
* Nomes trocados
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