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EDUCAÇÃO
Secretaria da Educação diz que um novo edifício, em alvenaria, será construído até fevereiro; alunos reclamam de barulho
Escola provisória de madeira já dura dez anos em SP
DA REPORTAGEM LOCAL
A rua Somos Todos Iguais, na
periferia leste de São Paulo, desemboca numa escola bem diferente das outras. É a Escola Estadual Cohab Carrãozinho que,
nem de alvenaria, nem de latinha,
é feita em placas de madeira.
Se alguém perguntar na região
sobre a escola, dificilmente conseguirá informações. Isso porque,
entre os estudantes e os moradores, o local tem um apelido: Escola
Barracão. Uma alusão ao material
de que o edifício de dois andares é
feito -o mesmo que coloca de pé
poucos barracos da região.
A escola tem 11 salas, abriga
1.093 crianças do primeiro ciclo
do ensino fundamental (de 1ª a 4ª
séries) e foi construída em 1994,
pelo então governador do Estado
Luiz Antonio Fleury Filho (à época no PMDB, hoje no PTB), em
caráter emergencial e provisório.
A transitoriedade, no entanto, já
dura dez anos.
Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria Estadual da
Educação, em fevereiro de 2005 os
estudantes da Barracão começarão o ano letivo em uma nova escola, feita em alvenaria e localizada a cerca de 1.200 metros dali.
A Barracão será então desativada, derrubada e, no local, será
construída uma nova escola com
novas vagas. De acordo com informações da secretaria, a escola
de madeira só não foi desativada
antes por falta de terreno.
Ainda segundo a assessoria, todas as escolas de madeira -número não consolidado pela secretaria por conta da intensa municipalização de escolas- e de latinha estão sendo substituídas pelo
Governo do Estado à medida que
a prefeitura faz a liberação de terrenos para as construções.
Barulho
Apesar de externamente bem
conservada -com os compensados de madeira pintados de verde
escuro-, a escola conhecida como Barracão goza de pouco prestígio entre seus estudantes.
"Não gosto de estudar aqui porque a escola é de madeira", reclama João (todos os nomes das
crianças entrevistadas são fictícios), 8, estudante da 3ª série.
"Gosto das aulas de português. Só
que, quando a professora faz as
leituras, a gente não consegue ouvir tudo nem consegue fazer as lições. O barulho lá dentro é muito
grande", revela.
Segundo estudantes entrevistados pela reportagem, todas as divisórias internas da escola também são em madeira. O colega de
João, Antônio, 8, da 2ª série, concorda: "É o maior barulhão lá
dentro. Como moro em frente à
escola, tem vezes que eu escuto da
minha casa a professora dando
bronca nos alunos."
Para Carla, 10, e Marina, 11, o
pior de estudar numa escola de
madeira é quando chove. "Parece
que vai cair tudo na nossa cabeça", dizem elas.
Maria Socorro Lucena, 41, que
matriculou o filho na Barracão há
dois anos, também teme as tempestades. "Quando chove, fico
com medo de algo acontecer.
Quando venta muito, também fico com medo. Tenho a impressão
de que a escola pode cair."
(FERNANDA MENA)
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