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URBANISMO
Programa para o centro de SP, lançado por Marta no início do governo, avança na limpeza, mas demora nas reformas
Obras de revitalização só saem em 2004
SÉRGIO DURAN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo trabalha contra o tempo para entregar
as principais obras que darão visibilidade ao programa de revitalização do centro da cidade -prioridade do governo Marta Suplicy
(PT), lançado no início da gestão.
A maioria das obras -reformas
de prédios e de praças (veja quadro)- será entregue só em 2004,
parte delas no segundo semestre,
últimos meses da gestão.
Algumas dependem de um empréstimo de US$ 100 milhões (R$
300 milhões) negociado com o
Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que, na melhor
hipótese, começa a liberar as primeiras parcelas em outubro.
Em quase dois anos de revitalização (a prefeitura rejeita o termo, preferindo "reabilitação",
por considerar o centro "vivo",
apesar de degradado), o programa enfrentou burocracias diversas, falência de empresa, mudança de coordenação e recursos escassos. Até o conteúdo do projeto
foi modificado no período.
De palpável, as cerca de 2 milhões de pessoas que circulam pelo centro diariamente têm a nova
praça Patriarca, a nova iluminação da praça da Sé e do Teatro
Municipal, a reforma e ocupação
pela prefeitura do prédio do Cine
Olido e a mudança das secretarias
municipais para a região.
Houve ainda o recapeamento
do asfalto das principais vias e o
conserto de velhos buracos do
calçadão. Implantado há um ano,
o programa de zeladoria especial
do centro -que inclui varrição,
coleta de lixo e lavagem mais frequentes, além da fiscalização dos
camelôs- começa a surtir efeito.
O centro está mais limpo e menos esburacado, afirmam dez lideranças da região ouvidas pela
Folha. Em compensação, a desordem provocada pelos vendedores
ambulantes continua a mesma,
com exceções localizadas.
Os que reconhecem o avanço da
vassoura e a estagnação do combate ao camelô são os presidentes
de Ação Local, programa da Associação Viva o Centro, que institui uma espécie de síndico de rua.
Críticos do serviço público, são
eles que ligam para a Subprefeitura da Sé e cobram providências
diante de um novo buraco na via.
"Certamente o asfalto, as calçadas e a limpeza melhoraram muito", diz o empresário Luís Alberto
Pereira da Silva, há 30 no centro,
líder da Ação Local São Bento.
"Mas isso nem sempre aparece",
diz o também empresário Carlos
Beutel, da Barão de Itapetininga.
O motivo seria, para todos do
programa, a presença maciça dos
camelôs. "Particularmente, para
mim, está pior hoje, que há mais
fiscais na rua e o mesmo número
de ambulantes ilegais", afirma
Odivaldo Souza da Silva, gerente
administrativo do shopping
Light, na rua Xavier de Toledo.
"As mercadorias são as mesmas
ilegais de sempre. Quando assaltam a bilheteria do Metrô, lota de
banquinhas que vendem bilhete e
passe. É a tática do olho no "rapa'", critica o consultor Francisco
Roberto Pires Faria de Paula, que
cuida da avenida São Luiz.
O presidente da diretoria-executiva da Viva o Centro, Marco
Antônio Ramos de Almeida, diz
que, ao contrário das últimas três
gestões, a atual "adotou de fato a
idéia da reabilitação do centro",
mas patinou em alguns momentos. "Houve problemas iniciais,
que atrapalharam e foram corrigidos, mas atrasaram o processo."
Ramos de Almeida se refere à
primeira versão do programa,
elaborado por Clara Ant, hoje assessora do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva. Para ele, o documento errou ao prever medidas
para todos os dez distritos do centro. A prefeitura errou ainda, em
sua opinião, ao centralizar nas
mãos de Clara o programa e a Administração Regional da Sé.
Amanhã, completa um ano que
a prefeita lançou a nova versão do
programa, elaborado pela atual
presidente da Empresa Municipal
de Urbanização, Nadia Somekh.
Na atualização, as ações do programa passaram a ser focalizadas
no centro histórico (Sé e República). Hoje, é Marcos Barreto, ex-chefe de gabinete da Secretaria da
Habitação, o coordenador.
No próximo dia 5, desembarca
em São Paulo a última missão do
corpo técnico do BID para a capital. Eles permanecerão durante
três semanas analisando o programa. O convênio com o banco
prevê o investimento de US$ 168
milhões (US$ 68 milhões da prefeitura), em cinco anos.
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