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Descobridor já recebeu ameaça de caçadores
DA SUCURSAL DO RIO
O apicultor Adilson Antônio
de Lacerda, 66, foi o responsável pela descoberta do aqueduto e também quem providenciou a limpeza do local.
Durante três meses, reunido
por ele, um grupo de seis voluntários retirou o mato que
cobria um trecho de 2 km das
canaletas de pedra, a partir do
ponto de captação da água. Por
causa da defesa das matas, o
ambientalista foi ameaçado.
Lacerda mora na Colônia Juliano Moreira desde os 10 anos
-seu avô foi um dos primeiros funcionários da unidade de
tratamento psiquiátrico.
"Estive muitas vezes na área
do aqueduto, quando era mais
novo. Como a construção nunca foi preservada, o mato já cobria tudo. As canaletas sumiram. Há dois anos, quando
abríamos [ele e os ambientalistas que costumam acompanhá-lo nas caminhadas] trilhas
para impedir a propagação do
fogo na mata, nos deparamos
com um trecho de pedra. Logo
o reconheci: era um trecho do
aqueduto", disse à Folha.
Após a descoberta, o ambientalista decidiu limpar o mato
em volta do aqueduto. Teve a
ajuda de colegas da colônia, voluntários contra incêndios.
Aposentado, Lacerda trabalhou na colônia como terapeuta educacional. Há décadas coleta mel nas matas da região.
Foi um dos criadores, em 1997,
da ONG (organização não-governamental) SOS Floresta da
Pedra Branca, empenhada em
combater as agressões ambientais sofridas pelo parque.
A luta contra os caçadores, os
agricultores que derrubam a
mata e os criadores de gado,
que estão transformam florestas em pasto, já rendeu a Lacerda algumas ameaças de morte.
As ameaças começaram depois que o ambientalista levou
à floresta uma equipe do Corpo
de Bombeiros. Em uma caverna, o grupo achou e destruiu
armamentos e armadilhas.
No fim de 2003, Lacerda foi
atacado por um homem armado de facão, que ameaçou: se
continuar denunciando caçadores, agricultores e criadores,
Lacerda será morto.
Mesmo preocupado, o ambientalista não anda armado
nem tem seguranças a protegê-lo. Só contou ao Ministério Público estadual as ameaças.
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