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Estrangeiro ganha espaço no ensino superior
Projeto que limita o uso do capital de fora nas universidades em até 30% está no Congresso desde 2006
ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Enquanto projetos que prevêem restrições ao capital internacional na educação andam a passos lentos no Congresso, os estrangeiros ganham
cada vez mais espaço no mercado de ensino superior brasileiro. São pelo menos seis as instituições nessa situação, sem
contar as faculdades e escolas
menores que elas compraram
com o aporte de recursos.
O ritmo dos negócios contrasta com a demora dos congressistas para apreciar o tema.
Enviado em 2006, o projeto de
reforma universitária do Ministério da Educação limita a
participação de estrangeiros a
30% do capital votante das instituições, mas está parado na
Câmara. "Creio que não seja só
essa matéria que esteja atrasada, mas isso não implica nenhuma falta de ação do MEC, é
o tempo do Congresso", diz Ronaldo Mota, secretário de Educação Superior da pasta.
Não aos estrangeiros
Outra proposta, do deputado
e candidato à Prefeitura de São
Paulo Ivan Valente (PSOL-SP),
proíbe qualquer capital internacional em instituições de ensino superior. "A idéia de que
esse capital aprimora a melhora do ensino superior no Brasil
é uma balela", diz. "Não está
vindo Harvard, mas grupos que
têm como único fim o lucro."
Para Elizabeth Guedes, vice-reitora da Anhembi Morumbi,
trata-se de "puro preconceito".
A universidade foi uma das primeiras a receber recursos estrangeiros -em 2005, o grupo
norte-americano Laureate
comprou 51% da participação.
Outra modalidade de participação estrangeira tem acontecido por meio da compra de
ações na bolsa de valores. É o
caso da Anhanguera, da Fanor
(Faculdades Nordeste), e da
Kroton, que detém as faculdades Pitágoras. A CM Consultoria aponta também a Estácio de
Sá, segunda maior do país, e o
SEB (Sistema Educacional Brasileiro) -a Folha não conseguiu confirmar a informação
com as instituições.
A próxima pode ser a Unip
(Universidade Paulista), que,
com 136 mil alunos, é a maior
instituição do país de acordo
com dados do MEC de 2006.
Segundo o jornal "Valor Econômico", a instituição recebeu
uma oferta de R$ 2,5 bilhões do
grupo americano Apollo. A
Unip não confirma nem nega.
O interesse dos grupos estrangeiros está relacionado ao
baixo percentual de jovens no
ensino superior no Brasil
(12,1%) o que pode indicar demanda reprimida. Por outro lado, há cerca de um milhão de
vagas ociosas na iniciativa privada, o que leva a um temor do
governo de que, fragilizadas, as
instituições sejam completamente desnacionalizadas.
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