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NEIDE DOMICINA COIMBRA (1941-2008)
Cigana guerreira do samba da Império
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Se a ascendência cigana
existia de fato, não se sabia.
Mas Neide Coimbra carregava no peito um cordão de ouro com a inscrição "cigana"
-afinal era assim, Cigana
Guerreira, que todos conheciam a ex-presidente da Império Serrano, que da mesa
cercada de imagens de ciganas, grandes e pequenas, dirigiu os rumos da escola.
Neide chegou à Império
em 1974, para desfilar numa
ala qualquer. Mas "mulher
bonita, morena de cabelos
negros, chamava a atenção",
diz a amiga da escola. Desfilou como sereia no Carnaval
de 1976 e por dez anos a fio
foi destaque no alto dos carros alegóricos. Só os deixou
por causa de uma promessa.
O marido estava doente, e
ela se aferrou aos santos da
Umbanda. "Mulher mística"
e devota de São Jorge (o
Ogum dos umbandistas),
"prometeu que nunca mais
sairia fantasiada se a saúde
dele melhorasse." Melhorou,
parece; e então não se viu
mais a beleza de Neide, antes
vestida com cores e penas.
Nos anos 80 assumiu funções administrativas e logo
era braço direito do presidente. Em 1999, "quando a
escola passava por dificuldades", assumiu a presidência.
"Por cinco anos ficamos no
grupo especial", diz a amiga.
"Ela podia até não ser cigana,
mas guerreira ela era."
Casada, tinha três filhos,
quatro netos e o controle de
todos -"tudo tinha que ser
perfeito", diz o filho, hoje
mestre-sala "porque ela
quis". Morreu terça, aos 67,
de insuficiência respiratória.
obituario@folhasp.com.br
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