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Presos 15 doleiros acusados de ajudar facção
Segundo a PF, suspeitos trocavam reais por dólares e euros a fim de dificultar o rastreamento de movimentação financeira do PCC
Suspeitos também ajudavam comerciantes da região da rua 25 de Março, em SP, a trazer produtos irregulares da China, aponta polícia
ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal prendeu
ontem 15 doleiros (dez em São
Paulo, quatro em Minas Gerais
e um no Rio de Janeiro) sob a
suspeita de que eles negociam
dólares e euros com integrantes da facção criminosa PCC
(Primeiro Comando da Capital), comerciantes chineses da
região da rua 25 de Março (centro de SP) e também com nigerianos clandestinos no Brasil.
A PF ainda cumpriu 50 mandados de busca e apreensão na
chamada Operação Downtown
e apreendeu cerca de
R$ 1,2 milhão. Os locais onde
ocorreram as ações, muitos deles agências de turismo e de
câmbio no centro de São Paulo,
e as identificações dos 15 presos não foram revelados pela
PF sob a alegação de que isso
atrapalharia as investigações.
A Operação Downtown começou há seis meses, quando a
PF monitorava transações dos
doleiros, principalmente pagamentos de produtos contrabandeados da China para lojas
da região da rua 25 de Março e
remessas para a África do Sul
feitas por nigerianos -alguns
deles suspeitos de tráfico internacional de drogas- que vivem
na área central de SP.
O lucro em reais obtido pelos
chineses com a venda das mercadorias contrabandeadas
também era convertido em
moeda estrangeira e enviado
pelos doleiros para a China.
Negócios nas cadeias
Escutas telefônicas autorizadas judicialmente flagraram
membros do PCC -a maior
parte deles na Penitenciária 2
de Presidente Venceslau, a 620
km de SP, e onde estão aqueles
tidos pela polícia e Promotoria
como chefes do grupo, e em um
presídio da Grande SP- na movimentação financeira para
trocar reais obtidos em crimes
como tráfico e roubo por dólares e euros nas casas de câmbio.
De acordo com o delegado federal José Alberto Iegas, da
Dercor (Delegacia Regional de
Combate ao Crime Organizado), ao trocar reais por dólares
e euros, os criminosos do PCC
queriam dificultar o rastreamento de suas movimentações
financeiras por parte da polícia.
Durante a investigação, a PF
descobriu que os chefes do PCC
também abasteciam os doleiros com dinheiro originário do
"bicho-papão", uma espécie de
imposto cobrado pela facção
criminosa de seus integrantes.
Hoje, para ter a proteção e
ajuda da facção para cometer
crimes no Estado de São Paulo,
os chefes do grupo cobram taxa
mensal de R$ 600 de seus filiados. O criminoso preso paga
"bicho-papão" menor: de R$ 50
a R$ 100. Aquele que não dá dinheiro aos chefes do grupo criminoso fica sem proteção e, na
maior parte dos casos, é ameaçado de morte.
Ao fazer a troca da moeda nacional pelas estrangeiras para
os chefes do PCC, os doleiros tiravam suas comissões. Sempre
em espécie, o dinheiro obtido
pela facção criminosa era entregue aos doleiros por integrantes do grupo com cargo de
"tesoureiro". Parentes de alguns chefes do PCC também faziam a troca de moedas.
Também para evitar chamar
a atenção das autoridades, esse
criminoso que atua como "tesoureiro" do PCC recebe salário médio mensal de R$ 6.000,
tem direito a um carro e a moradia, tudo isso custeado pelos
outros criminosos da facção.
Os doleiros presos são suspeitos de evasão de divisas, sonegação fiscal, descaminho (via
importação fraudulenta), formação de quadrilha, lavagem
de dinheiro e sonegação fiscal.
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