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Tema divide peões de obra
DA REPORTAGEM LOCAL
"O estudo conta pra tudo", diz
Genivan Nascimento Barbosa, 21,
R$ 430 de salário, ajudante numa
obra em Itaquera, na zona leste de
São Paulo. Genivan veio de Ribeiro do Portal, na Bahia, um ano e
meio atrás, estudou até a quarta
série e está sem namorada.
No grupo que conversa no refeitório da obra, Genivan é dos poucos que concordam com a pesquisa de Carmita Abdo segundo a
qual quem estuda mais tem melhor atividade sexual. "É pesquisa
furada", diz João José dos Santos,
48, eletricista, casado, dois filhos
adolescentes. "É coisa que se
aprende na vida, não na escola",
diz Jailson da Silva Nogueira, 48,
dois filhos, primário completo.
"Se fosse assim, o povo do Piauí
não tinha tantos filhos", diz o ajudante Camilo Ferreira Lima, 48.
Mas todos concordam que só
vão ao médico quando caem
doente e que numa consulta não
falariam sobre eventuais problemas sexuais. "Já é a maior luta para falar com o médico coisa de
saúde, se vai falar de problemas
com mulher, o médico põe pra
correr", diz Lourival dos Santos,
34, eletricista, dois filhos.
O ajudante Rogério Ribeiro dos
Santos, 22, solteiro, diz que na sua
turma ninguém "brocha". "Se alguém contar, o cara tá ruim, vão
zoar muito o boiola."
O carpinteiro Nivanez Gomes
de Souza, 43, "amigado" há 24
anos, chegou a fazer o primeiro
ano de direito em Goiás. Diz que o
homem "falha por causa psicológica" e o "jovem porque fica ansioso". Diz que já experimentou
Viagra. "Era só curiosidade, as
orelhas ficaram fervendo."
Antonio de Souza Ramalho, 53,
presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da
Construção Civil de São Paulo, diz
que a questão da sexualidade é
uma das preocupações da categoria. Só no Estado de São Paulo são
680 mil trabalhadores. Na série de
palestras que organiza, o sindicato dedicou uma ao Viagra, dois
meses atrás. "Lotou. As pessoas fizeram fila para pegar um comprimido", diz Ramalho. "O governo
precisava oferecer mais orientação", conclui.
(AB)
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