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SAÚDE
DPOC afeta 7 milhões de brasileiros e é a quinta maior causa de morte no país; 90% das vítimas são fumantes
Doença pulmonar mata 30 mil por ano
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 2000, dez ex-fumantes de
São Paulo, vítimas de uma doença
pulmonar crônica, resolveram
criar uma associação dos portadores desse mal. Dois anos depois, cinco deles já morreram.
O que pode parecer uma tragédia vivida por um pequeno grupo,
atinge na verdade 7 milhões de
pessoas no Brasil. São os portadores de DPOC (doença pulmonar
obstrutiva crônica), a quinta
maior causa de morte no país,
com 30 mil vítimas por ano.
A doença afeta 7 milhões de brasileiros, 90% fumantes. Só em
2001, a DPOC foi responsável pela
internação de 230 mil pessoas, gerando gastos de R$ 100 milhões,
segundo o Datasus.
A DPOC engloba a bronquite
crônica e o enfisema pulmonar, e
caracteriza-se pela falta de ar, pela
tosse, pela diminuição da resistência física e pelo aumento da
produção de catarro. Muitas vezes é confundida com a asma.
Surge geralmente em pacientes
acima de 50 anos que fumaram
por um longo período.
A prevenção e as formas de tratar a doença tornaram-se uma das
prioridades da OMS (Organização Mundial da Saúde) neste ano.
Além de instituir a data de 20 de
novembro como Dia Mundial de
Prevenção à DPOC, a OMS criou
um programa, chamado Gold,
que pretende divulgar a doença
em 72 países. Nos EUA, a campanha será estendida em 2003.
No Brasil, quatro pneumologistas, em parceria com 13 laboratórios, fazem parte do programa da
ONU e estão ministrando palestras a médicos e ao público leigo.
Pelo menos 11 mil profissionais já
receberam manuais que orientam
desde como reconhecer até como
tratar a DOPC com medicamentos de última geração.
Segundo Júlio Cesar Abreu de
Oliveira, 45, professor adjunto de
pneumologia da Universidade de
Juiz de Fora (MG), que faz parte
do grupo de médicos que divulgam a doença, a DPOC ainda é
subdiagnosticada no país porque
falta informação entre os médicos
e pacientes. "Muitas pessoas têm
a doença e nem sabem disso. Pensam que a dificuldade de respiração faz parte da velhice", afirma.
De modo geral, os pacientes
procuram o médico quando a dificuldade para respirar, ocasionada por uma perda grave da função
pulmonar, já está interferindo na
sua atividade diária normal.
Para Oliveira, além de melhorar
a qualidade de vida dos pacientes
no que diz respeito ao acesso a informações sobre os medicamentos mais potentes e às terapias de
reabilitação pulmonar, essa ampla divulgação da doença vai possibilitar o diagnóstico precoce da
DPOC.
"Quando tratada no início, a
doença é reversível", afirma o médico José Roberto Jardim, 57, professor de pneumologia da Unifesp
(Universidade Federal de São
Paulo) e coordenador do Consenso Gold Brasil.
Jardim está dirigindo também
um levantamento sobre o número de vítimas da DPOC na cidade
de São Paulo. O objetivo é que
1.200 pessoas de todas as regiões
da capital respondam a questionários.
Os entrevistados suspeitos de
portarem a doença deverão ser
submetidos a um exame chamado espirometria, que mede a capacidade respiratória dos pulmões. O estudo deve ficar pronto
em seis meses.
Medicamento
Além da falta de informação,
um outro problema enfrentado
pelos pacientes é o preço da medicação, que não é fornecida pelo
Ministério da Saúde.
O tratamento é contínuo, à base
de broncodilatadores (que provocam a dilatação dos brônquios),
de corticóides e da oxigenoterapia. Segundo os médicos, é fundamental abandonar o cigarro para
obter êxito no tratamento.
Não só fumantes, mas também
pessoas expostas a ambientes poluídos por gases, partículas tóxicas ou produtos químicos, como
trabalhadores de indústrias químicas e de vidros, e até mesmo
donas-de-casa que cozinham em
fogão a lenha podem desenvolver
a doença ao inalarem micropartículas tóxicas da fumaça, segundo
o pneumologista Jardim.
Uma das consequências da
DPOC é a internação frequente
causada por episódios agudos de
falta de ar, além de infecções pulmonares.
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