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Professores de SP decidem manter greve
Docentes recusaram por unanimidade as alterações feitas pelo governo do Estado no decreto que deu início à paralisação
Em nota, Secretaria da Educação diz lamentar que
o sindicato insista em "proposta que não obteve
o apoio da ampla maioria"
Raimundo Paccó/Folha Imagem
| Na avenida Paulista, professores protestam contra decreto |
CINTHIA RODRIGUES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Os professores da rede estadual de ensino de São Paulo decidiram ontem à tarde em assembléia no vão livre do Masp, na avenida Paulista, centro da
capital, manter a greve que já
dura duas semanas. Pela terceira sexta-feira consecutiva, fizeram passeata até a sede da Secretaria de Estado da Educação, na praça da República.
Os manifestantes recusaram
por unanimidade as propostas
do governo desta semana. A
greve começou por causa de um
decreto do governador José
Serra (PSDB), de 28 de maio,
com dois pontos principais.
O primeiro limita a possibilidade de transferências de professores -a secretaria diz que,
só neste ano, dos 130 mil efetivados, 51 mil se transferiram. O
segundo impõe uma prova para
classificar a ordem dos professores temporários na escolha
de classes, até então estabelecida por experiência.
Nesta semana, Serra publicou outro decreto que altera o
anterior em três pontos. Pode
pedir transferência quem: faltar até 12 vezes ao ano; tirar licença; ou estiver em estágio
probatório (efetivados há menos de três anos). "Isto [não]
significa nada", diz o presidente da Apeoesp, Carlos Ramiro.
Em nota, a secretaria disse
lamentar que o sindicato insista "em uma proposta que não
obteve o apoio da ampla maioria dos cerca de 250 mil professores" e diz que, embora pequena, a greve prejudica os alunos.
Segundo a pasta, o decreto
"visa melhorar as condições de
ensino, a relação entre mestres
e alunos e a continuidade dos
processos pedagógicos".
Muitos professores, no ato,
disseram que o decreto foi apenas a "gota d'água". "A paralisação é pela melhoria da qualidade da educação", diz Geralda de
Souza Carvalho, 47, que dá aula
de geografia em São José dos
Campos (97 km de SP). Ela disse trabalhar com classes com
até 50 alunos. "Neste ano, o governo mandou uma apostila
para os professores, mas não
temos como fazer cópias para
aplicar para os alunos."
O governo ainda concedeu
5,41% de aumento mais a incorporação de uma gratificação
que pode chegar a R$ 80. O piso
de um professor iniciante de
primeira a quarta série que trabalha 40 horas semanais passará a R$ 1.309,17, e o salário final,
com gratificações, a R$ 1.617.
Os professores reclamam
que este é o primeiro aumento
do atual governo. O último havia sido em 2005, na gestão Geraldo Alckmin (PSDB), e, desde
então, a inflação foi de 13,6%.
A adesão à greve, segundo a
Apeoesp, é de 70% das escolas,
enquanto o governo fala em 2%
dos professores.
De manhã, houve uma audiência de conciliação no Ministério do Trabalho, mas a Secretaria da Educação não enviou representante. A procuradora Oksana Boldo pediu aos
professores que apresentem as
razões da greve até terça-feira.
A secretaria disse que não foi
à audiência porque não pode
resolver questões de dissídio e
que a PGE (Procuradoria Geral
do Estado) a representa em
questões judiciais. A PGE diz
que não recebeu a convocação
-que chegou à secretaria.
Trânsito
Provocado pela Polícia Militar, o Ministério Público Estadual instaurou inquérito para
apurar se as passeatas atendem
às exigências legais para realização de protestos em locais
públicos. A Apeoesp afirma que
tomou todas as precauções antes de realizar o protesto e que
fará outra passeata com o mesmo trajeto na próxima sexta.
De acordo com o sindicato,
60 mil pessoas participaram da
passeata. O tenente-coronel
Paulo Telhada diz que o número não passou de 8.000.
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