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Entidades se dividem sobre paralisação
JOANA CUNHA
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Representantes de movimentos em defesa da
educação pública divergem quanto à greve dos
professores do Estado. Ligada a movimentos sociais, a Campanha Nacional pelo Direito à Educação é favorável à paralisação; o TPE (Todos pela
Educação), mantido por
empresários, é contra.
"A greve é direito. Consideramos que o profissional da educação tem de ser
valorizado antes de começar a receber críticas", diz
o coordenador-geral da
campanha, Daniel Cara.
Segundo ele, apesar de a
greve ser um direito,
quanto mais rápido houver negociação, melhor. "É
inegável que a valorização
dos profissionais está muito distante de acontecer."
Para Viviane Senna,
uma das dirigentes do
TPE, a greve não atende
aos interesses dos alunos
-apenas aos de professores e do sindicato. "O sindicato está completamente equivocado na greve dos
professores", diz.
"A solução da educação
no Brasil tem que ser guiada por uma lógica empresarial, porque é preciso ter
uma lógica de resultados."
Ela concorda com o decreto do governo do Estado e
diz que, para ter benefícios, o professor precisa
mostrar resultados.
De acordo com a pesquisadora da FGV (Fundação
Getulio Vargas) Lara Simielli, que estuda a formação de grupos de luta pela
educação, até o surgimento do TPE, em 2006, o debate educacional sempre
esteve ligado a ONGs e a
movimentos sindicais e
estudantis. "Pela primeira
vez há duas coalizões de
grande abrangência que
lutam pela mesma bandeira na educação."
Para ela, apesar da bandeira comum, esses dois
agrupamentos têm origens, fontes de recursos e
atuações distintas. "A relação com o governo é um
dos pontos que mais os diferencia e um dos que têm
causado maior discussão.
A campanha surgiu em um
momento em que era mais
importante ser oposição
ao governo, e o TPE, em
um momento mais colaborativo", diz.
O TPE reúne donos de
algumas das maiores fortunas do país, como Jorge
Gerdau, Ana Maria Diniz
(Pão de Açúcar), Fábio
Barbosa, presidente do
Banco Real, e Milú Villela,
acionista do Itaú. O movimento não faz intervenções diretas e se apresenta
como um trabalho de
conscientização e mobilização pela educação pública. Já a campanha é mantida por organizações de
cooperação internacional.
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