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Caminhoneiro infrator pode até perder carteira num só dia
Plano prevê multas a cada 2 h; para prefeitura, restrição melhorará trânsito de 14% a 17%
Prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirma que, além de "virem para ficar", medidas vão "funcionar desde o primeiro dia"
DA REPORTAGEM LOCAL
Num discurso em que misturou Cidade Limpa, Saúde e
Educação, o prefeito Gilberto
Kassab (DEM) anunciou ontem o plano de fiscalização ao
tráfego de caminhões em São
Paulo que prevê multas aos infratores de duas em duas horas
e chegar a até 16 autuações
num único dia -acumulando
assim 32 pontos, o que causará
a perda da habilitação.
As novas regras para circulação de caminhões, que incluem
um rodízio especial para veículos urbanos de carga de pequeno porte (os VUCs, que têm até
6,3 m de comprimento), começam a vigorar na segunda-feira
sob uma série de queixas e dúvidas sobre seu sucesso.
Quem descumpri-las poderá
até ser multado por duas infrações ao mesmo tempo: uma por
invadir a nova área de restrição
e outra por desrespeito ao rodízio normal de veículos.
Kassab disse que, assim como a lei que regulamentou o
uso de publicidade, a Cidade
Limpa, ele tem certeza de que a
restrição funcionará. "Não há
dúvidas de que as medidas vieram para ficar", disse. "Além de
virem para ficar, desde o primeiro dia vão funcionar."
Nesse discurso o prefeito
contrapõe o problema no trânsito, considerado um ponto fraco de sua administração, e o
programa considerado seu carro-chefe para tentar continuar
por mais quatros na prefeitura.
Segundo estimativa do município, a intenção da nova restrição veicular é provocar uma
melhoria do trânsito de 14% a
17%, ou a retirada de até 100
mil dos 210 mil caminhões que
rodam na área central.
De acordo com o secretário
de Transportes, Alexandre de
Moraes, os novos 100 km2 da
área de restrição -até ontem
eram 25 km2- serão divididos
em 16 células. Cada uma terá
um esquema especial de fiscalização com bloqueios fixos e
móveis para evitar a criação de
rotas de fuga.
Esses esquemas envolverão
500 agentes da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e de um número não informado de policiais militares. "A
fiscalização será extremamente rigorosa", disse o secretário.
A prefeitura não concluiu a
contratação de 60 radares que
seriam voltados para essa atividade, mas diz que alguns já
existentes, que fazem a leitura
automática de placas para flagrar desrespeito ao rodízio, serão usados para os caminhões.
Multa dupla
Pela nova legislação, os caminhões não poderão circular na
maior parte do centro expandido, das 5h às 21h -com exceção
para algumas atividades, como
mudança e coleta de lixo, que
terão regras específicas.
Conforme Moraes, das 5h às
21h um caminhão poderá ser
multado até 16 vezes -duas
multas simultâneas a cada duas
horas, por invadir a nova área
de restrição e por desrespeito
ao rodízio de veículos. Esse número multiplicado pelos R$
85,13 da penalidade chega num
único dia a R$ 1.362,08.
Se o veículo estiver em nome
de empresa e se em 15 dias não
for informado o nome do infrator para computar pontos na
carteira, a multa será multiplicada pelo número de vezes da
infração.
Os caminhões de pequeno
porte (os VUCs) terão alguns
privilégios inicialmente. A partir de segunda-feira, eles serão
submetidos a uma espécie de
revezamento. Para circular no
período diurno, os de placas pares só podem rodar em dias pares e os ímpares, nos dias idem.
Essa regra valerá por um
mês. A partir de agosto, ficará
mais severa. O revezamento
por placas continuará, mas só
das 10h às 16h. E, nos horários
de pico, todos ficam proibidos.
Essa norma de transição terminará no começo de novembro, logo após o segundo turno
das eleições. Depois disso, a
previsão de Kassab é que os
VUCs também serão obrigados
a fazer entregas só das 21h às
5h, como os outros caminhões.
Para o especialista em trânsito Cyro Vidal, a legislação é
muito complicada e, por isso,
poderá haver problemas. "Já li
uma 20 vezes e vou ter que ler
mais 20 para entender." Ele diz
que a aplicação de multas acumuladas "é um exagero", mas
não vê problemas legais.
(ROGÉRIO PAGNAN, ALENCAR IZIDORO e RICARDO SANGIOVANNI)
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