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SAÚDE
Baixa estatura pode ser sinal de problemas nutricionais ou distúrbios hormonais e psicológicos da criança
Crescimento é "medidor" da saúde
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Nem todas as crianças com baixa estatura têm um problema de
saúde. Mas por trás do déficit podem estar problemas nutricionais, distúrbios na produção de
hormônios, além de fatores psicológicos que, se afastados a tempo,
não impedem a retomada do desenvolvimento normal.
A avaliação do crescimento é
um método simples de verificação das condições de saúde de
crianças e adolescentes, diz o pediatra da unidade de Endocrinologia do ICr (Instituto da Criança)
do Hospital das Clínicas de São
Paulo, Hilton Kuperman. Por isso, a Sociedade Brasileira de Pediatria defende o acompanhamento de perto do crescimento
pelo pediatra. Segundo Jayme
Murahovschi, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da sociedade, são necessárias consultas frequentes, que servem para uma avaliação global.
"No primeiro ano de vida, a
consulta deve ocorrer todos os
meses. No segundo, a cada dois
meses. Quando a criança for
maior, pelo menos uma vez por
ano", diz. Somente com o acompanhamento do pediatra é possível verificar se o crescimento é
adequado ao padrão da família e
se ocorre na velocidade devida ou
tem alterações bruscas.
O instrumento principal dos pediatras para avaliação do crescimento são curvas que relacionam
idade e altura por sexo, feitas a
partir de dados da população norte-americana (veja ao lado reprodução de curvas feitas pelo governo norte-americano).
As curvas dividem as crianças
em "canais" de crescimento, os
percentis. É como se cem crianças
de diferentes estaturas fossem
agrupadas em uma fila. Uma
criança que esteja no percentil 10 é
mais baixa do que 90% das crianças norte-americanas.
O fato de uma criança estar
abaixo do percentil 5 (no caso das
curvas ao lado) é um sinal de alerta, mas não significa que exista
necessariamente algum problema. De acordo com Murahovschi,
a razão pode ser hereditária ou
uma ocorrência muito comum
nos consultórios, o atraso constitucional do crescimento e da puberdade -disparidade entre
"idade óssea" e idade cronológica.
Uma criança pode ter 12 anos e
um esqueleto de uma criança de
nove. Confirmado o atraso por
meio de exames, basta esperar.
Essas crianças alcançam mais tarde o tamanho adequado.
Os distúrbios hormonais são
também preocupantes, afirma
Kuperman, apesar de pouco frequentes. A deficiência de hormônio do crescimento e de hormônio da tireóide são causas de baixa
estatura. A reposição deve ocorrer
o quanto antes, na puberdade, enquanto os ossos ainda têm capacidade de crescer. Portadores de
problemas congênitos, como a
Síndrome de Turner (anomalia
cromossômica que acomete meninas), também podem ser beneficiados pela reposição do hormônio do crescimento, diz Kuperman. Nos dois casos, a reposição
tem de ser feita até que o jovem
pare de crescer.
Os fatores nutricionais ainda
são a principal causa de baixa estatura no país. Em 1996, 10,5% das
crianças com menos de cinco
anos tinham déficit da estatura
em relação à idade por causa de
má nutrição. A avaliação é sobre
crianças que têm domicílio. "Há
uma tendência em se achar que
nosso problema agora é só obesidade. Mas o déficit nutricional
continua existindo. A avaliação
estatura-idade mostra as sequelas", diz José Augusto Taddei,
chefe da disciplina de Nutrição e
Metabolismo da pediatria da Universidade Federal de São Paulo.
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