|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Cônsul dos EUA se envolve em acidente e recusa bafômetro
Diplomata americano derrubou e feriu casal que trafegava na garupa de uma moto na região central de São Paulo
Ele alegou imunidade diplomática e foi liberado pela Polícia Militar após o
acidente; legislação não
o obriga a realizar o teste
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA ONLINE
Um cônsul dos EUA em São
Paulo se envolveu em um acidente de trânsito na madrugada de sábado na região central e
deixou um casal ferido. Segundo a polícia, o americano Calvin
Ted Watlington se recusou a ir
à delegacia e a se submeter ao
teste do bafômetro após o acidente, afirmando possuir imunidade diplomática.
Pela legislação brasileira, um
motorista não é obrigado a realizar o teste, mas pode ser multado. O diplomata não foi.
"Se se recusar a fazer [teste
de] bafômetro e sangue, será
autuado pelo artigo 165 do código, que é uso de bebida alcoólica. Estará subentendido que
bebeu e terá de pagar multa de
R$ 955", disse em junho à Folha o major Ricardo Fernandes
de Barros, comandante interino do 34º Batalhão de Trânsito.
O acidente ocorreu por volta
das 3h15, no cruzamento da
avenida Brigadeiro Luís Antônio com a alameda Ribeirão
Preto, na Bela Vista.
O casal estava na garupa de
uma moto e trafegava pela avenida, quando, segundo diz, foi
fechado pelo carro do cônsul,
um Toyota preto RAV4, com
placa diplomática CD-3342,
que supostamente estaria com
os faróis apagados.
Segundo o técnico em eletrônica Evaristo de Souza Santos
Filho, que conduzia a moto, o
cônsul estava na terceira faixa
da direita da Brigadeiro, sentido centro, quando tentou manobrar para entrar à esquerda,
na alameda Ribeirão Preto.
Escoriações
Derrubados da moto, Santos
Filho e a namorada, Talita Rodrigues Costa, tiveram escoriações pelo corpo e foram levados
à Santa Casa; ele com ferimentos no cotovelo, pé e perna esquerdos, ela com contusões no
joelho, pulso e ombro direitos.
Os dois usavam capacete.
Em depoimento à polícia, o
casal disse que Watlington tinha sinais de embriaguez e a fala alterada. A uma equipe da
PM que passava ali perto, o
americano teria mostrado as
credenciais diplomáticas e afirmado ter imunidade. O cônsul
não foi à delegacia depor.
Segundo o 5º DP (Aclimação), o cônsul tem de prestar
esclarecimentos no boletim de
ocorrência, registrado como lesão corporal culposa. À polícia,
Santos Filho e a namorada disseram não ter recebido socorro
do diplomata americano, que
não falou com o casal após o
acidente. O cônsul só teria conversado com policiais que chegaram ao local pouco depois.
A Embaixada dos EUA confirmou o episódio. Disse que o
cônsul respondeu a todas as
perguntas da polícia e que o caso ainda está sob investigação.
No Brasil, a nova lei de trânsito prevê a prisão de motoristas que tenham dirigido após
beber. A multa é de R$ 955 ao
motorista flagrado com níveis
de 0,1 mg/l a 0,29 mg/l de álcool no ar expelido dos pulmões (equivalente a um copo
de chope). Acima de 0,3 mg/l
(dois copos), é preso. A fiança
pode chegar a R$ 1.200.
Se parado pela polícia nos
EUA, o condutor é obrigado a
fazer o teste do bafômetro. Se
passar do limite, vai para a cadeia, de onde sai mediante fiança, cujo valor varia conforme o
Estado americano -em Nova
York é de US$ 200 (R$ 314).
Texto Anterior: Fundação vai gerir InCor-DF até dezembro Próximo Texto: Ar deve ficar mais úmido hoje, prevê meteorologia Índice
|