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Fundação vai gerir InCor-DF até dezembro
Zerbini continua em Brasília para tentar recuperar prejuízo com hospital, do qual deveria ter se desligado em 2007
Permissão foi dada pelo governo José Serra, que defendia que fundação se dedicasse apenas à unidade do instituto em São Paulo
RICARDO WESTIN
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fundação Zerbini, entidade privada sem fins lucrativos
que administra o InCor (Instituto do Coração) de São Paulo,
recebeu autorização do governador José Serra (PSDB) para
continuar à frente do InCor do
Distrito Federal até o final deste ano. A instituição deveria ter
deixado o hospital de Brasília
em dezembro do ano passado.
A decisão foi tomada no final
da última semana, durante
uma reunião de Serra com os
secretários Luiz Roberto Barradas Barata (Saúde) e Aloysio
Nunes Ferreira (Casa Civil). A
Fundação Zerbini será informada oficialmente hoje.
O período maior de permanência agrada à Zerbini, ao governo do Distrito Federal e ao
governo federal, mas contraria
os planos iniciais de Serra, que
queria a fundação dedicando-se exclusivamente a São Paulo.
Considerado o maior centro
de cardiologia da América Latina, o InCor-SP é ligado ao Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo) e faz
parte da rede estadual de saúde.
No final de 2006, veio a público que a Fundação Zerbini
estava afogada numa dívida de
R$ 245 milhões. O governo de
São Paulo ofereceu socorro, por
temer que o atendimento à população fosse afetado.
Como condição para assumir
parte da dívida, impôs que a
fundação se desfizesse do InCor-DF até dezembro do ano
passado. O objetivo foi parar a
transferência de dinheiro do
InCor-SP para o InCor-DF. Na
capital federal, cirurgias e consultas foram suspensas por alguns dias por falta de recursos.
No início, sugeriu-se a federalização do hospital, mas a
idéia não foi adiante. Em seguida, o governo Serra ofereceu o
InCor-DF ao Hospital Israelita
Albert Einstein e ao Hospital
do Coração. As negociações não
foram adiante por causa das dívidas do hospital brasiliense.
Além disso, a própria Zerbini
tem interesse em continuar em
Brasília, porque isso permite
uma relação mais próxima com
o governo federal e com o Congresso Nacional. Durante a crise financeira, a fundação recebeu apoio direto do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que
cobrou empenho dos ministérios da Fazenda e da Saúde na
busca de uma solução.
Como argumento para manter-se na capital federal, a Zerbini diz que precisa de tempo
para compensar o prejuízo de
cerca de R$ 3 milhões que o InCor-DF teve nos primeiros
quatro meses do ano. Em maio
e junho, teve um superávit de
aproximadamente R$ 400 mil,
graças principalmente à ajuda
do Distrito Federal.
Militares
O governo federal e o do Distrito Federal tampouco querem mudanças. Temem que,
sem o prestígio e o dinheiro da
Fundação Zerbini, o InCor-DF
se deteriore e se transforme
num hospital público comum.
A instituição, inaugurada em
2004, funciona num dos andares do Hospital das Forças Armadas. Os militares têm atendimento preferencial nas cirurgias cardíacas. O Ministério da
Defesa, por isso, também é contra a saída da fundação paulista.
As duas unidades do InCor
atuam nas áreas de ensino e
pesquisa e atendem a pacientes
particulares, de convênios médicos e do SUS (Sistema Único
de Saúde). O dinheiro público é
complementado pela Zerbini.
Hoje já não há vínculo financeiro entre os dois hospitais.
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