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Preso, rapaz confessa 2 mortes e 2 estupros
Polícia de Guarulhos apura se Leandro Basílio Rodrigues, 19, é assassino em série; ele diz ter matado mais de 50 mulheres
Delegada que investiga caso diz que 50 vítimas é "número improvável'; Rodrigues,
que é usuário de crack, era funcionário de um lava-jato
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil de Guarulhos
prendeu em flagrante ontem
um jovem de 19 anos acusado
de roubar, esganar e assassinar
duas mulheres, em menos de
24 horas, e estuprar outras
duas. Os crimes ocorreram
num período de 11 dias.
Segundo o tenente Herick
Lemos, da Polícia Militar, ao
ser preso, Leandro Basílio Rodrigues -que trabalhava num
lava-jato- disse que matou e
violentou mais de 50 mulheres
em São Paulo, Rio e Minas.
A delegada Beatriz Relva, da
DDM (Delegacia de Defesa da
Mulher), apura se o acusado cometeu esses estupros e mortes
em série, mas disse que 50 é um
número improvável. "Ele estava drogado quando falou que
matou e estuprou 50. É usuário
de crack. Deve haver mais pessoas mortas ou estupradas, mas
ainda não é possível mensurar
quantas. Acho que é menos de
50. Mesmo assim, ele continua
sendo um serial [killer, ou assassino em série]. Não sentiu
remorso nem explicou por que
matou e estuprou. É frio."
Segundo Beatriz, Rodrigues
confessou os quatro crimes.
Além disso, conta a delegada,
ele foi reconhecido ontem por
duas vítimas, de 22 e 26 anos,
como o homem que as estuprou nos dias 17 e 20 deste mês
no bairro Paraventi.
A Folha não teve acesso ao
preso. Ao passar pela imprensa, ele não respondeu às perguntas feitas pelos repórteres.
Sua família soube da prisão dele pela TV e ficou surpresa.
"Ele é o caçula de quatro irmãos e sempre foi um doce",
disse a irmã Jaqueline Rodrigues, 23. Ela conta que os parentes pretendiam interná-lo
numa clínica de recuperação
de viciados em drogas. "Mas
não tivemos R$ 250 para isso."
A rua em frente à DDM, para
onde Rodrigues foi levado, teve
de ser interditada pela polícia
para afastar a população -que
pretendia linchar o suspeito.
Segundo a delegada, as jovens mortas e estupradas eram
de classe média baixa e foram
atacadas à noite. Para intimidá-las, ele fingia estar armado.
Para o major da Polícia Militar Cesário Lange, Rodrigues
teria dito que todas as mulheres que ele atacou consumiam
drogas com ele. Outro PM disse
que a decisão de matar as vítimas acontecia quando o suspeito não conseguia ter ereção.
A prisão de Rodrigues ocorreu após a PM achar o corpo de
Aline Sena da Rocha, 21, anteontem, de calcinha num terreno no bairro Bom Clima, no
município de Guarulhos.
Uma testemunha informou à
DDM ter visto a vítima com
Rodrigues e indicou onde o
suspeito morava, na favela do
Jardim Santa Cecília. Como
Rodrigues não estava no barraco, a polícia pegou uma foto dele com sua mãe, ampliou-a e
distribuiu cópias para a PM.
Ontem, às 2h, Rodrigues passava em frente à base da Polícia
Militar, em Bom Clima, e foi
reconhecido por policiais. Ele
tentou fugir e foi detido. Na
DDM, confessou os dois estupros e a morte de Aline. Depois,
disse que uma hora antes havia
matado outra mulher, perto do
estádio Thomeuzão. No local
estava o corpo de Gisele Cabral
de Souza, 25, sem calcinha.
A delegada não descarta a
possibilidade de as mortas terem sido violentadas. "Só o laudo do IML [Instituto Médico
Legal] dirá isso." Em 2002, um
homem foi preso sob a acusação de estrangular e matar dez
mulheres em Guarulhos.
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