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Estudo aponta elo entre incenso e câncer
Segundo estudo dinamarquês, hábito diário de inalar a fumaça aumentaria risco de câncer no trato respiratório em até 8 vezes
Doença seria causada por substâncias cancerígenas, como benzeno; risco seria só para quem usa diariamente, por horas e durante anos
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Inalar a fumaça de incenso
diariamente pode aumentar os
riscos de câncer no sistema respiratório, aponta um estudo dinamarquês publicado na edição on-line da revista científica
"Cancer". A suspeita é que a
doença seja causada por substâncias cancerígenas, como o
benzeno, presentes no incenso.
No entanto, médicos avaliam
que o risco exista apenas para
as pessoas que usam o produto
diariamente, várias horas seguidas e durante anos.
Os pesquisadores acompanharam, por 12 anos, 61.320
chineses (homens e mulheres)
com idades entre 45 e 74 anos,
que viviam em Cingapura, e
descobriram uma associação
entre uso excessivo de incenso
e cânceres respiratórios -como nasal, oral e de garganta.
No trabalho, foram excluídos
outros fatores de risco, como
tabagismo, dieta inadequada,
abuso do álcool e tumores.
Segundo o médico Jeppe T.
Friborg, do departamento de
pesquisa epidemiológica do
Statens Serum Institute de Copenhague (Dinamarca), que liderou os estudos, pesquisas anteriores já demonstraram a
presença de substâncias cancerígenas em incensos, mas essa
foi a primeira vez que se conseguiu relacionar o uso desses
produtos com o aumento de
risco para o câncer.
Após o acompanhamento,
explica Friborg, 325 homens e
mulheres desenvolveram câncer no trato respiratório. Segundo o médico, os chineses
que usavam incensos diariamente tiveram até oito vezes
mais chances de desenvolver
câncer no trato respiratório em
relação àqueles que não usavam o produto.
"O incenso deve ser usado
com cautela. As pessoas devem
evitar usá-lo em lugares sem
ventilação e por horas."
Outros 821 chineses desenvolveram câncer de pulmão,
mas não se estabeleceu uma relação entre esse tipo de câncer
e o incenso.
O pneumologista Norman
Edelman, diretor da Associação Americana de Pneumologia, afirma que a entidade deve
incluir o uso do incenso como
um fator de risco para o câncer.
"Não chega nem perto do perigo de se fumar um maço de cigarro por dia, durante 20 anos,
mas é perigoso", disse à Folha.
O médico Ciro Kirchenchtejn, professor de pneumologia
da Unifesp, afirmou que os resultados mostram que as autoridades públicas precisam estar mais atentas aos incensos
comercializados no país.
"Precisamos ter segurança
da qualidade. Há muita coisa
feita em fundo de quintal", diz.
Em março, a Pro Teste avaliou cinco marcas de incensos
vendidos no Brasil e verificou
que havia substâncias altamente tóxicas nos produtos.
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