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TRANSPORTE
Estatal suspendeu licitação que definiria nova operadora das balsas no litoral paulista; atual contrato não cobre despesas
Dersa mantém serviço que dá prejuízo de R$ 1,1 mi
FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS
Embora o serviço provoque um
déficit mensal de R$ 1,1 milhão
nos cofres do Estado, a Dersa suspendeu o lançamento da licitação
para escolha da empresa operadora das travessias por balsas no
litoral paulista e decidiu prorrogar por tempo indeterminado o
contrato com a OP Mariner, que
se encerra no próximo mês.
Com a medida, a OP Mariner
continuará prestando o serviço na
temporada de verão, período de
maior movimento nas sete travessias do litoral paulista -Santos-Guarujá, Guarujá-Bertioga, São
Sebastião-Ilhabela, Cananéia-continente, Juréia-Iguape, Cananéia-Ilha Comprida e Santos-Vicente de Carvalho (Guarujá), essa
última destinada exclusivamente
a pedestres e ciclistas.
Desde 2001, quando a OP Mariner ganhou a concorrência pública para prestação do serviço,
ocorreram vários problemas, a
maioria na Santos-Guarujá,
apontada como a de maior movimento no mundo, com fluxo médio de 22 mil veículos por dia.
Somente neste ano, houve colisões entre balsas que transportavam veículos pelo canal do Estuário, panes mecânicas que deixaram embarcações à deriva e interrupções do serviço motivadas por
greves de funcionários da OP Mariner devido a atrasos no pagamento dos salários.
No último dia 5, o encarregado
de arrecadação da OP Mariner,
Sérgio Motta, foi assassinado durante um assalto em Vicente de
Carvalho (distrito do Guarujá).
Na ocasião, ele se dirigia a pé a
um banco para depositar R$
6.500. Segundo José Henrique
Coelho, advogado do sindicato da
categoria, o serviço de carro-forte
havia sido dispensado, o que a
empresa nega.
Além do contrato com a OP
Mariner, também foi prorrogado
por tempo indeterminado o que a
Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) mantém com a SER,
empresa responsável pelos serviços de manutenção das embarcações em todas as travessias. Segundo informou a assessoria da
Dersa, pelo primeiro, a OP Mariner recebe R$ 3 milhões mensais
e, pelo segundo, são pagos mensalmente à SER R$ 700 mil.
A arrecadação mensal de R$ 2,6
milhões, de acordo com a Dersa,
gera prejuízo, apesar do custo elevado das tarifas -nos finais de
semana, carros pagam R$ 14,10 na
travessia São Sebastião-Ilhabela e
R$ 9,20 na Santos-Guarujá.
Embora os contratos atuais tenham sido firmados há quase 30
meses, um novo processo licitatório não foi planejado antes em razão da prioridade dada pela estatal às obras do Rodoanel, segundo
o secretário estadual dos Transportes, Dario Rais Lopes, que desde maio acumula o cargo de diretor-presidente da Dersa.
"Nos últimos anos, todos os esforços foram destinados à implantação do Rodoanel. Reconheço que outros serviços não tiveram a mesma atenção", disse.
Apesar disso, Lopes afirmou
que a licitação não deixará de ser
realizada. Para ele, a prorrogação
ocorreu porque a Dersa busca
"modernizar" os futuros contratos de prestação de serviços, nos
quais constarão novas exigências
às empresas vencedoras das concorrências. "Os termos [atuais]
talvez não sejam os mais adequados. Queremos uma descrição
mais detalhada dos serviços."
Lopes afirmou que a prorrogação foi decidida com base em pareceres jurídicos.
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