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SAÚDE
Calor costuma causar desidratação, queda de pressão, indisposições alimentares e até infecções respiratórias
Na praia ou na cidade, verão exige cuidados
FABIANE LEITE
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Na praia, de bermuda e chinelão, o verão é lindo e só traz alegrias. Mas, de paletó e gravata,
atravessando a avenida Paulista
ou dirigindo no meio da cidade, o
verão é um sufoco.
Nas duas situações, no entanto,
os cuidados com a saúde têm de
ser os mesmos para evitar que as
altas temperaturas terminem
acarretando problemas como desidratações, quedas bruscas de
pressão, indisposições alimentares e infecções respiratórias.
Para afastar os riscos de desidratação, por exemplo, os médicos batem na tecla da ingestão de
dois litros de água por dia, em
média. Mas não vale matar a sede
com uma cerveja gelada.
"O álcool interfere no hormônio
anti-diurético, fazendo com que
se perca, pela urina, até duas vezes
o que a pessoa bebeu", explica
Antonio Carlos Lopes, titular de
clínica médica da Universidade
Federal de São Paulo (Unifesp) e
presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.
Os idosos são mais suscetíveis à
desidratação, pois seus rins não
retêm o líquido necessário e seu
organismo não revela quando está com sede. Com as crianças é a
mesma coisa. Até três ou quatro
anos, elas não sabem manifestar
que estão com sede. Por isso devem ser o foco das atenções quando os termômetros sobem.
A brisa ou o vento dão uma sensação de frescor mesmo debaixo
de sol forte, o que pode também
"enganar" o dispositivo de sede
do corpo, destaca o professor Luiz
Eugênio Mello, titular do departamento de fisiologia da Unifesp.
Segundo os médicos, um bom
termômetro é olhar a cor da urina: se ela estiver escura, a pessoa
pode estar em processo de desidratação. Crianças e idosos podem também apresentar irritabilidade como sinal da desidratação, afirma o clínico-geral Arnaldo Lichtenstein, do Hospital das
Clínicas de São Paulo.
Outro efeito das altas temperaturas é a dilatação dos vasos sanguíneos. Para melhorar a transferência de calor em dias quentes, o
sangue vai mais para a "periferia"
do corpo, ajudando no resfriamento, o que pode resultar em
queda da pressão.
Segundo Lichtenstein, pessoas
que tomam remédios vasodilatadores por causa da hipertensão
têm maior risco de passar mal
com uma queda brusca de pressão. Às vezes é preciso fazer uma
adaptação na prescrição do medicamento com o médico.
"Mas o maior vilão, no calor,
são as diarréias, por causa de alimentos estragados", diz. Ele lembra do erro mais comum: aproveitar a ceia de Ano Novo, que ficou horas exposta ao calor de dezembro, no almoço do dia 1º. Não
há jeito pior de começar o ano.
Ar-condicionado
Para quem vai passar o verão na
cidade, nem o ar-condicionado
serve de alívio. Embora seja capaz
de manter um ambiente na chamada temperatura de conforto
-entre 23 e 26 graus centígrados
-, a falta de manutenção do aparelho e as oscilações bruscas de
temperatura transformam o aparelho em um perigo para saúde.
"Mantenha janelas abertas e circuladores de ar eficientes no ambiente, mas evite o ar-condicionado", diz Antonio Carlos Lopes, da
Unifesp. "Os aparelhos de ar-condicionado são prejudiciais às vias
respiratórias, pois a poluição dos
ambientes internos é maior do
que a poluição lá de fora", afirma.
O aparelho retira o ar do ambiente, recolhe pêlos de animais,
fios de carpetes, ácaros, e os lança
de volta. É responsável ainda por
mudanças bruscas na temperatura que modificam a circulação
sanguínea, alteram as células do
sistema de defesa e, por isso, deixam o organismo mais suscetível
a infecções, afirma o professor
Luiz Eugênio Mello, da Unifesp.
"As oscilações de temperatura
[dos ambientes abertos aos ambientes condicionados] provocam resfriados que podem evoluir para uma bronquite e mesmo
uma pneumonia", diz.
Segundo o clínico-geral Arnaldo Lichtenstein, é comum que
pessoas que se sentam muito próximas dos dutos de ar tenham
uma "gripe que não passa". Isso
porque "é ali que sai o pior ar."
Segundo Mello, os filtros de um
aparelho de ar-condicionado deveriam ser trocados a cada três
meses, mas isso nunca acontece.
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