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Metrópole é o ""monstro" que domina a tela
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Carlos Reichenbach, ou
Carlão, como é conhecido
no meio, considera "Filme
Demência" seu melhor trabalho e o mais paulistano de
uma filmografia já bastante
impregnada de São Paulo.
"Em "Filme Demência" mostro os prédios da avenida
Paulista, o edifício Itália, o
Copan, como se a cidade estivesse engolindo o protagonista, Fausto. Como se o
monstro engolisse o fausto."
Diretor que utiliza profissionais pouco conhecidos
em televisão, entre os atores
que Reichenbach mais identifica com a cidade está, em
primeiro lugar, Adriano
Stuart. "Não tem como pensar em São Paulo e não pensar em Adriano. Ele é a cara
da cidade", diz. Ênio Gonçalves, ator de todos os seus
filmes, é outro carregado de
"paulistanidade".
"Como eu, Ênio é gaúcho e
paulistaníssimo. É meu alter
ego", diz Reichenbach. Ele
aponta ainda como atores
que personificam São Paulo
Walmor Chagas, Gianfrancesco Guarnieri e Tarcísio
Meira. Entre as atrizes, lembra logo de Bete Mendes.
"Ela me vem à cabeça imediatamente como a Maria de "Eles Não Usam
Black-Tie" (Leon
Hirszman, 1981)."
Marisa Prado
(1930-1982), estrela
da extinta produtora Vera Cruz, representaria a paulista do interior,
"mulher da terra,
de pele morena".
Vanessa Alves,
que também atuou
em muitos filmes do
diretor, é a versão feminina de Gonçalves,
para Reichenbach: "É minha atriz-fetiche."
Ele conta que não foi fácil,
em "Garotas do ABC", encontrar o rosto da mulher
operária. "Tive que fazer teste atrás de teste." Embora
garanta que prefere fazer filmes "sobre a classe média
baixa", diz que não teria dúvidas ao escolher a atriz para
uma trama sobre a elite de
São Paulo. "Chamaria Ana
Paula Arósio. Ela é a aristocrata paulistana perfeita."
Reichenbach ainda espera
que o centro de São Paulo,
"uma preciosidade", volte a
efervescer como nos tempos
da Boca-do-Lixo. "É necessário fazer fluir o sangue da
cidade, o que só se consegue
com as pessoas convivendo
nas ruas", prega. "E outra
coisa: imaginar São Paulo
como uma pequena Nova
York não é um elogio, mas
um pejorativo. Ela tem personalidade própria."
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