|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
300 brasileiros ficam "presos" em aeroporto
Passageiros foram afetados em Buenos Aires por vôos adiados e cancelados das Aerolíneas Argentinas, empresa recém-reestatizada
Gol e Varig disseram que endossam os bilhetes da empresa argentina segundo a disponibilidade; a TAM não informou se faz o mesmo
DE BUENOS AIRES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA SUCURSAL DO RIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE
Ao menos 300 brasileiros
que tentavam voltar ao país estavam presos na tarde de ontem no aeroporto internacional de Ezeiza, na Grande Buenos Aires, por problemas com
vôos adiados e cancelados das
Aerolíneas Argentinas. Principal companhia aérea do país,
ela foi reestatizada há uma semana, à beira de quebrar.
Os brasileiros reclamavam
de overbooking, da falta de informações e de maus-tratos da
empresa. Ao menos sete vôos
das Aerolíneas para o Brasil decolaram com atraso ontem. Os
destinos eram São Paulo, Rio e
Porto Alegre. Os problemas
não atingiram só brasileiros e
se repetiram no Aeroparque
(vôos domésticos).
Durante todo o dia de ontem,
a Folha tentou se comunicar,
em vão, com a empresa. O único responsável pela comunicação passou a tarde em reuniões
e disse que não poderia atender
à reportagem. O consulado do
Brasil em Buenos Aires também não conseguiu obter as listas de prejudicados.
No fim de semana, o gerente-geral, Julio Alak, designado pelo governo argentino, afirmou
que atrasos e cancelamentos
foram causados por overbooking e falta de aviões, problemas herdados do grupo espanhol Marsans. Disse que os
vôos se normalizariam ao longo da semana.
No aeroporto de Cumbica,
na Grande São Paulo, a tela que
mostra as chegadas exibia ontem uma falsa impressão de pequenos atrasos nos vôos das
Aerolíneas. No entanto, nos
aviões, havia passageiros que
deveriam ter desembarcado
até 40 horas antes. São pessoas
que vinham do interior da Argentina ou de outros países e
que deveriam fazer conexão
em Buenos Aires. Enfrentaram
atrasos nos vôos para a capital
argentina, perderam as saídas
para o Brasil e foram encaixadas em outros vôos só ontem.
Segundo os passageiros, só
não houve atraso no vôo que
saiu às 7h de Buenos Aires, porque, às 5h, os funcionários pararam de fazer check-in. A securitária Camila Marrone, 31,
que tinha uma passagem comprada para esse vôo, chegou ao
Ezeiza às 5h, mas só embarcou
ao meio-dia. "Falavam claramente que tinha havido overbooking e mandavam todo
mundo ficar na fila."
Amélia Borges Lordello Silva, 37, que vinha de Ushuaia
com o marido e os dois filhos,
chegou ontem a São Paulo às
15h45, 24 horas depois do planejado. Programado para sair
de Ushuaia às 9h20 de domingo, seu vôo saiu à meia-noite.
Eles chegaram a Buenos Aires
às 4h e, quando pensaram que
pegariam o vôo das 7h, foram
surpreendidos pelo abandono
no check-in. "Ficamos de pé
três horas na fila, e ninguém
atendendo. Foi revoltante."
No aeroporto internacional
do Rio, mais atrasos. Na fila para o check-in, o atleta Alexandre Varão estava preocupado.
Ele voaria até Buenos Aires,
onde faria conexão para Santiago. De lá, embarcaria em vôo
de outra companhia para Arica,
onde participa do Campeonato
Mundial de Bodyboard. "O
campeonato só começa dia 1º,
mas o ideal é chegar antes para
ir se acostumando à onda."
No aeroporto internacional
Salgado Filho, em Porto Alegre,
passageiros tiveram de esperar
até oito horas para embarcar
para Buenos Aires. A instabilidade das Aerolíneas fez com
que agências de viagem do Rio
Grande do Sul evitassem emitir
bilhetes da companhia.
TAM, Varig e Gol
Gol e Varig afirmaram ontem
que endossam os bilhetes das
Aerolíneas de acordo com a disponibilidade de assento. A
TAM disse que não foi procurada pelas Aerolíneas para acordos de endosso.
(ADRIANA KÜCHLER, CINTHIA RODRIGUES, DENISE
MENCHEN E GRACILIANO ROCHA)
Colaborou a Reportagem Local
Texto Anterior: Saúde: Anvisa propõe banir agrotóxico usado na cultura de laranja Próximo Texto: Turistas ironizam argentinos após overbooking gritando "Pelé" Índice
|