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Para urbanistas, região precisa
de moradores
DA REPORTAGEM LOCAL
Especialistas em políticas
urbanas consultados pela
Folha divergem sobre a eficácia dos novos empreendimentos culturais para a revitalização do centro de São
Paulo. Além de novas opções culturais, a região, afirmam, precisa de moradores
-jovens, de preferência.
"Quando vou ao Centro
Cultural Banco do Brasil de
noite, penso duas vezes. Sei
que haverá gente dormindo
nas calçadas e um certo clima hostil. É meio chato", diz
Paulo Bastos, professor titular da Faculdade de Arquitetura da Universidade Católica de Santos.
Novos bares e restaurantes
atrairiam um público mais
qualificado, acredita. Bastos
cita a região de Nova York
conhecida como off-Broadway, onde há teatros de bolso e uma circulação noturna
constante. "Eles viveram o
efeito cascata. Os teatros
atraíram bares que atraíram
moradores que requalificaram os edifícios", afirma.
O professor de história do
urbanismo da USP (Universidade de São Paulo), Nestor
Goulart Reis Filho, diz que as
iniciativas de renovar os
centros culturais são importantes, mas insuficientes. "É
preciso induzir o capital privado a reformar também os
prédios residenciais."
Ele sugere a instalação de
cursos universitários na região central. "A USP deveria
trazer algumas faculdades
de volta para o centrão, como havia nos anos 60. A vida
noturna seria impactada positivamente com 30 mil estudantes vivendo por lá."
A requalificação passa
também por uma campanha
de marketing, acredita o engenheiro Marco Antonio
Ramos de Almeida, presidente-executivo do Viva o
Centro. "A região tem de estar na moda para dar certo."
Cita como exemplo a campanha "I love New York",
organizada nos anos 80 por
comerciantes e pelo governo
norte-americano com o intuito de atrair turistas. "É
um marketing cruzado entre
empresários oferecendo diversas atrações durante a
noite", explica. Para que dê
certo, diz, é preciso investimentos constantes do poder
público em segurança, iluminação e limpeza.
(FS)
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