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No centro, casa incentiva morador a virar artesão
DA REPORTAGEM LOCAL
A baixada do Glicério, no
centro, é uma das áreas mais
deterioradas da capital paulista. Nas ruas, carroças de
catadores de lixo disputam
espaço com os carros.
As casas, com mais de 60
anos, foram transformadas
em cortiços. Aboliram-se os
jardins. Um templo da Igreja
Deus é Amor, com capacidade para 5.000 fiéis, está em
um canto do bairro. Em outro, vê-se um complexo de
viadutos, onde se abrigam
moradores de rua.
Nesse cenário devastado,
funciona a Casa Cor da Rua,
coordenada pela irmã Ivete
de Jesus. A inspiração para o
nome veio da celebrada Casa
Cor, onde se exibem as criações dos arquitetos mais famosos da cidade.
A Cor da Rua contrasta
com o cenário cinza do bairro. Por dentro, artesãos que
vieram da experiência de rua
mostram orgulhosos suas
criações. Todas são reciclagens de lixo.
Madeiras, vidros, garrafas
pet, papéis, tampas de extintores de incêndio, o descarte
urbano, ganha nova encarnação. "A dignidade que essas peças recuperam pela
força do trabalho humano
não deixa de ser uma metáfora da vida do morador de
rua e de suas possibilidades", diz irmã Ivete.
Cerca de 35 artesões trabalham no lugar -única casa
com jardim da região.
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