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Golden retriever relaxa em viagem a Monte Verde
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Blitz é um golden retriever de
três anos que vive num apartamento dos Jardins, em São Paulo,
e lambe a pata dianteira compulsivamente. A suspeita do veterinário Marcio Capozzoli é que
Blitz sofra de "lambedura psicogênica", uma manifestação ligada
ao estresse e que aparece como
forma de chamar a atenção.
Quando sua dona o leva para
Monte Verde, região de montanhas no sul de Minas onde tem
uma casa, Blitz se acalma e esquece de lamber a pata.
Marcio e a mulher Rosana Bittencourt, também veterinária, conhecem bem os efeitos do meio
ambiente e do estresse. Os dois tinham uma clínica em São Paulo e
agora têm uma em Monte Verde.
Os gatos castrados, por exemplo,
que tendem a se tornar sedentários, sofrem com frequência da
"síndrome urológica felina". Na
clínica de Monte Verde, esse mal
quase não aparece, "porque os gatos têm espaço para brincar".
"Os animais das cidades grandes, que vivem em apartamentos
ou pequenos espaços, são muito
mais estressados que os daqui",
diz o veterinário. "São mais irritados, obesos e caem doentes com
mais frequência." Um processo
que, não por acaso, também ocorre com seus donos.
Mas já que nem todos -nem
animais e nem donos- podem
contar com uma casa na praia ou
na montanha, alguns cuidados
precisam ser tomados para reduzir os danos do sedentarismo.
A falta de exercícios e de espaço
está levando a uma epidemia de
obesidade entre cães e gatos, alertam os veterinários. O excesso de
peso está por trás de uma série de
enfermidades, como a insuficiência cardíaca, o diabete, as doenças
inflamatórias do intestino, incapacidade renal crônica e os problemas de articulação. "A obesidade é um indicador de riscos para todas as raças", diz Rosemary
Viola Bosch, médica veterinária e
membro do Conselho Regional.
O diagnóstico clínico, aquele
que depende do olhar e do tato do
veterinário, continua sendo o
meio mais efetivo de se diagnosticar as doenças. "O veterinário observa como o cão abana o rabo, se
as orelhas estão baixas, se ele
manca", diz Rosemary.
Mas os exames diagnósticos já
vem sendo cada vez mais empregados. Só se faz uma cirurgia depois de um hemograma e de um
eletrocardiograma. Cães cardíacos, por exemplo, passam a cada
quatro ou seis meses por uma bateria de exames: raio-X do tórax,
ecocardiograma, medidas da
creatina e da uréia, que avaliam
função renal, e dosagens das enzimas do sangue.
Os procedimentos adotados para cães e gatos estão cada vez mais
parecidos com o dos humanos.
Não vai demorar para que sociedades médicas e veterinárias lancem campanhas conjuntas. Neste
domingo, por exemplo, quando
se comemora o "Dia do Coração",
animais e donos participariam de
caminhadas juntos. Barracas em
praças públicas -para animais e
donos- fariam teste de diabetes,
mediriam o colesterol e calculariam o IMC, o índice de massa
corpórea que indica o peso ideal.
O cenário pode ser de brincadeira, mas é fato que muitos cães
"obrigam" ou "incentivam" a fazer atividades físicas. Em alguns
casos, limitado pelo espaço e sem
incentivo, o cão acaba engordando como o dono.
"É comum o dono comer um
salgadinho ou chocolate e dar
dois a seu cão", diz Rosemary. Assistindo TV, com o cachorro ou o
gato ao lado, essa prática acaba
"viciando" os dois. "Você é o que
você come. Seu cão também", diz
a veterinária.
A indústria vem fazendo sua
parte. Os pet-shops oferecem rações diferenciadas para as várias
raças, as diferentes idades e condições de saúde. Já há "rações de
prescrição" para cães e gatos cardíacos, com insuficiência renal,
obesidade, diabetes, com alergias
alimentares ou doenças inflamatórias crônicas.
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