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Em SP, acontece rebelião na Penitenciária Feminina
Fuga de 60 deixa 11 presos mortos em delegacia na Grande São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
DO ""AGORA"
Onze presos morreram, nove
deles asfixiados na cela em que estavam trancados, após fuga em
massa de 60 detentos, ontem, da
delegacia do Embu, na Grande
São Paulo. Outros dez detentos e
o policial civil André Francisco
Byngtson, 40, mantido refém por
três horas, ficaram feridos.
Às 18h30, outra rebelião iniciou-se no pavilhão 1 da Penitenciária Feminina da Capital, na zona norte, que abriga 550 presas.
Um batalhão da tropa de choque
foi chamado para conter a revolta.
A falta de água nas celas seria o
motivo do conflito. Dois funcionários foram mantidos reféns.
Por volta das 21h, um tenente da
PM saiu da penitenciária ferido
na cabeça, mas andando. Às
21h15, um grupo de 32 policiais da
tropa de choque entrou na prisão.
Logo depois, dois caminhões dos
bombeiros entraram no presídio
para combater um incêndio.
As 11 mortes em Embu representam o maior número registrado em delegacias no Estado desde
89, quando 18 presos morreram
asfixiados em uma cela de castigo
-nome do local onde detentos
são punidos-, após tentativa de
fuga de distrito na zona leste.
A cadeia do Embu, construída
para abrigar 24 presos, tinha 163
quando a rebelião estourou ontem, por volta das 11h30. Um grupo de detentos, armado com uma
pistola, rendeu dois investigadores que acompanhavam a entrega
do almoço na carceragem.
Com a ação dos presos, sobraram três policiais para conter a fuga em massa: o delegado plantonista, Roberto Ribeiro de Luca,
um carcereiro e um escrivão.
Dos 60 que saíram correndo pela porta lateral da delegacia, 22 haviam sido recapturados até o início da noite de ontem.
Dentro da delegacia, os presos
que não fugiram deram início à
rebelião, mantendo o investigador Byngtson refém. O outro investigador rendido, Vanderlei dos
Santos, 44, conseguiu escapar.
Segundo a Polícia Civil, os amotinados atearam fogo em colchões
no corredor de acesso à carceragem, formando uma barricada.
Ao fundo dessa passagem, estavam trancados 9 dos 11 presos que
morreram, na ""cela do seguro"
-onde ficam isolados os presos
ameaçados ou que acabaram de
ser detidos. Dois outros teriam sido mortos no pátio da carceragem, espancados pelos rebelados.
""Foi uma tentativa de fuga em
massa. Não houve reivindicações", afirmou o delegado Martins Fontes, diretor do Demacro
(Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo).
Por volta das 14h20, a polícia
controlou o motim. O investigador mantido refém foi liberado
com um ferimento no rosto.
O secretário da Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, informou que os presos impediram a
entrada do Corpo de Bombeiros
para apagar o fogo e revelou que
entre os mortos havia um adolescente, F.L.L., cuja idade não foi divulgada. De acordo com o secretário, o Estatuto da Criança e do
Adolescente permitiria a guarda
provisória do menor no distrito
por até cinco dias. Ele estaria na
delegacia do Embu há quatro, a
pedido de um juiz local.
Abreu Filho informou também
que os centros de detenção provisória (CDPs) Osasco 2 e Guarulhos 2 receberão, respectivamente, 60 e 54 detentos que estavam
em Embu. Ele disse ainda que até
o final do ano serão criadas 3.750
novas vagas no sistema penitenciário.
(ALESSANDRO SILVA, DAGUITO RODRIGUES E GIBA BERGAMIM JR.)
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