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SAÚDE
As consultas da especialidade tomam mais tempo, mas os custos do tratamento acabam sendo menores
Homeopatia será incentivada no SUS
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Há duas semanas, o Ministério
da Saúde reuniu as lideranças envolvidas com a homeopatia para
um seminário de três dias em Brasília. Em São Paulo, a Secretaria
Municipal da Saúde convocou
médicos homeopatas da rede pública para um encontro amanhã.
Os objetivos das duas reuniões
são os mesmos: mapear os serviços, descobrir o número de profissionais, a demanda dos pacientes e incentivar a prática da homeopatia dentro dos serviços do
SUS, o Sistema Único de Saúde.
As iniciativas têm duas faces.
Uma é o fato de a rede pública
desconhecer os serviços "não-convencionais" que oferece; a outra assinala para a intenção de ordenar e ampliar esses serviços. O
seminário de Brasília pretende
iniciar a construção de uma política nacional das "medicinas naturais e práticas complementares". A homeopatia inaugurou a
pauta e será seguida pela acupuntura, fitoterapia e outras práticas.
"A idéia é fornecer subsídios para a formação de profissionais,
envolver a academia e definir como será organizada a assistência
do SUS nessa área", disse Flávio
Dantas, professor titular de homeopatia da Universidade Federal de Uberlândia e professor convidado da Universidade Federal
de São Paulo.
Outro tema em pauta na "homeopatia pública" é não limitá-la
ao atendimento primário dos
postos de saúde, mas levá-la aos
hospitais secundários e terciários.
Em São Paulo, não se sabe
quantos médicos homeopatas há
nas cerca de 20 unidades de saúde
municipalizadas que oferecem
homeopatia. Em quase todos eles,
a espera passa de três meses.
No entanto, o Brasil "tem cerca
de 15 mil médicos que fizeram
curso de especialização em homeopatia", diz Ariovaldo Ribeiro
Filho, presidente da Associação
Paulista de Homeopatia. Na lista
das cerca de 50 especialidades
médicas, a homeopatia ocuparia
o 16º posto em profissionais.
Há pesquisas no Brasil e no exterior que mostram a satisfação
do paciente com a homeopatia
-70% a 80% deles dizem estar
satisfeitos. Um seguimento de
dois anos feito pelo médico Gil
Moreira Neto, do centro de saúde
Paula Souza, de São Paulo, mostrou que 70% apresentaram melhora depois de três consultas.
A satisfação e os bons resultados são duas das razões que estão
levando o serviço público a dar
mais atenção à homeopatia. A outra toca também o bolso: os remédios homeopáticos não pagam
royalties, são de produção mais
simples e barata e, por isso mesmo, custam menos.
Em Santos, pesquisa com 27 pacientes com osteoporose mostrou
que a homeopatia e o tratamento
com droga de primeira linha chegaram ao mesmo resultado. O
tratamento convencional custa
seis vezes mais que o homeopata,
diz a médica Selma Freire, coordenadora municipal do setor de
homeopatia de Santos. Além de
gastar menos com remédio, o fato
de a homeopatia valorizar a escuta e a relação médico-paciente
acaba exigindo menos exames,
menos encaminhamentos a especialistas e reduz as idas ao médico.
Embora uma consulta homeopática tome o dobro do tempo, os
custos acabam sendo menores.
"Há um movimento dos planos
de saúde de pagar mais pelas consultas homeopáticas. Elas resultam em menores gastos no conjunto", diz o médico Gil Moreira.
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