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Preço varia mais com forração e mudas pequenas
DA REPORTAGEM LOCAL
O paisagismo permite malabarismos contábeis que exigem o
acompanhamento atento de especialistas. Por um ou dois metros de diferença no tamanho, a
mesma planta pode ter variação
de preço de até 90%.
As cerca de 60 espécies diferentes previstas nos projetos licitados
pela Emurb seguem a regra de variação de preços. A muda de um
metro da quaresmeira, por exemplo, é cotada de R$ 3,50 a R$ 4,50 a
unidade na bolsa do Ceasa de
Campinas, considerado o mais
organizado nesse setor.
Em uma das licitações do projeto Centros de Bairro (nš 6220100),
a muda da mesma árvore, com altura mínima exigida de 1,80 metro a 2,5 metros, tem preço unitário fixado em R$ 58,50.
Caso a altura mínima pedida
fosse um pouco menor, com o
preço de uma quaresmeira da licitação seria possível comprar 13
mudas no Ceasa de Campinas. É
possível verificar a bolsa de plantas da instituição na Internet
(www.ceasacampinas.com.br).
A licitação prevê a compra de 92
quaresmeiras daquele tamanho, o
que gera gasto total de R$ 5.382.
Menos nobres nos projetos, as
forrações de canteiro também
exibem preço variado e grandes
quantidades. É o caso da grama
esmeralda. A licitação prevê a
compra de 5.721 metros quadrados da espécie, a R$ 5,20 o metro
quadrado. Na mesma bolsa do
Ceasa Campinas, a grama sai por
R$ 1,60, em média, o mē.
"É um mercado ainda muito informal no Brasil", destaca o professor doutor da USP Felisberto
Cavalheiro, que já trabalhou na
administração municipal de São
Paulo de 1967 a 1975. De tempos
em tempos, segundo ele, sempre
surge um projeto paisagístico.
"Nos anos 70, houve um surto
ambientalista na cidade e a prefeitura plantou milhares de manacás-da-serra, típicos daqui. Não
havia oferta para tanta planta. As
empresas saíram a catar manacás
na mata. Morreram todos, porque eram selvagens. "Quase não
há mais essa árvore", diz.
O déficit de manacás também
preocupou a atual administração.
O projeto da Faria Lima prevê a
compra de 92 mudas da planta típica paulistana, de 3 m a 4 m de altura, a R$ 92,31 a unidade.
A confusão de preços, alturas e
métodos de plantio irritou a oposição. O vereador Gilberto Natalini (PSDB) quis contar as árvores
das avenidas. Na semana passada,
ele enviou requerimento à prefeitura solicitando informações.
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