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OUTRO LADO
Cotação menor surpreende Emurb
DA REPORTAGEM LOCAL
Para Maurício Faria e Sérgio
Marin de Oliveira, respectivamente presidente da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização)
e coordenador do Departamento
de Paisagismo e Meio Ambiente
do órgão, as cotações feitas pela
Folha de palmeiras até quase cinco vezes mais baratas que as adquiridas pela prefeitura para o
projeto paisagístico das avenidas
Faria Lima e Hélio Pellegrino foram "uma grande surpresa".
"É impossível que haja preços
mais baixos [do que os que estão
nos contratos]. Pode ligar para
qualquer empresa. No mercado
sério, você não encontra uma palmeira de dez metros por menos
de R$ 4.000", disse inicialmente
Oliveira, ao ser informado da diferença nos valores cobrados.
Depois que ficou sabendo em
quais empresas os preços haviam
sido pesquisados, entretanto, ele
mudou de posicionamento.
"Na Flora Campineira? Eu fico
surpreso, realmente não sabia e
vou querer verificar. Mas os valores colocados por nós nos contratos não incluem apenas a muda e
o seu transporte. Implicam também o plantio e cuidados especiais, adubo e solo específico",
justificou o arquiteto, que chefiou
a elaboração do projeto paisagístico da prefeitura tão criticado por
especialistas da área.
Segundo Oliveira, o critério para a determinação do preço máximo na licitação foi técnico.
"Fizemos orçamentos em vários viveiristas. Os valores cobrados por determinadas espécies
variavam dependendo da época",
disse o coordenador.
Tanto Oliveira como Faria defenderam a "importação" de palmeiras de outros Estados como
uma forma de dar à cidade de São
Paulo uma maior "biodiversidade" e de refletir o caráter cosmopolita da capital.
"Mas fizemos isso sabendo que
era possível encontrar as espécies
por um preço viável e computando todas as dificuldades", afirma
Sérgio Marin de Oliveira.
As "velas do bolo"
"E o projeto não trata só de palmeiras. Elas são até a menor parte
num todo que prevê outros tipos
de vegetação também. São as "velinhas bonitas do bolo", mas foram colocadas primeiro porque
muitas delas precisam ser plantadas no verão", argumenta Faria.
Além disso, sustenta o presidente da Emurb, as palmeiras têm
uma grande força simbólica, sendo sempre associadas ao Brasil.
"Artificial não é ter palmeiras
em São Paulo; artificial é terem
sumido com elas e colocado ficos
em seu lugar", completou.
Os ficos são árvores comuns na
cidade, mas que geralmente causam prejuízos às calçadas e à pavimentação, porque suas raízes
crescem muito.
A escolha das palmeiras foi baseada também, afirmam ambos,
na decisão de marcar visualmente
grandes avenidas da cidade,
criando uma referência visual.
"Mas a vegetação já existente
não foi ignorada. Procurou-se incorporar a maior parte, menos os
ficos pequenos", completa o presidente da Emurb.
Os caminhos no meio dos canteiros são justificados por ambos
como uma forma de tornar mais
segura e agradável a sua utilização
pelos pedestres.
Isso porque, de acordo com Oliveira, evitaria que eles usassem a
faixa do canteiro próxima à rua,
como já é feito hoje.
Exageros
Sobre a maior probabilidade de
as palmeiras adultas morrerem,
Oliveira diz que não há razão para
acreditar nisso; que é "um exagero dos especialistas". Segundo ele,
já foram plantadas em torno de
400 das 600 palmeiras previstas, e
só 10% delas não resistiram.
Para garantir a sobrevivência
das plantas, a Emurb recorre a
cuidados especiais, como exigir
que o torrão seja maior, para
aguentar o peso da árvore, que as
raízes sejam "sangradas" (preparadas para absorver imediatamente os nutrientes do solo), que
haja uma adubação especial e que
as plantas tenham retentores de
água, a fim de garantir a possibilidade de buscar água no solo mesmo em períodos de estiagem (como é o inverno paulistano) ou
quando a manutenção não é feita.
"E a nossa estratégia foi plantar
árvores adultas mesmo, para termos um impacto verde mais rápido e a revalorização imediata do
espaço público. Mas acho que
muitas críticas são baseadas em
questões de gosto, então fica muito difícil de resolver", declarou o
presidente da Emurb.
Faria e Oliveira defendem que o
projeto foi desenvolvido segundo
os princípios ambientais.
"A diretoria do Depave [Departamento de Parques e Áreas Verdes, da Secretaria Municipal do
Meio Ambiente" conhece o projeto e está de acordo com ele ", sustenta Oliveira.
Não é bem isso, porém, o que
diz a secretária do Meio Ambiente, Stela Goldenstein. Segundo ela,
o projeto, embora já esteja sendo
colocado em prática, ainda passa
por análise na secretaria.
A secretária municipal do Meio
Ambiente, porém, faz uma ponderação. "O projeto de arrumar
os canteiros centrais estava previsto como compensação no estudo de impacto ambiental da ampliação da avenida Brigadeiro Faria Lima, mas ficou parado durante anos. Por isso a sua concretização tem um mérito grande. É
fácil criticar; difícil é fazer", afirmou a secretária.
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