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FÉRIAS
Cuidados com a segurança e seleção de monitores viram
armas para atrair pais que não podem viajar com os filhos em julho
Aumenta procura por acampamentos educativos em SP
TEREZA NOVAES
DA REPORTAGEM LOCAL
Com a chegada das férias escolares de julho, os pais que não têm
folga nesta época do ano procuram uma forma de entreter as
crianças. Uma opção bastante popular entre a classe média são os
acampamentos educativos.
A alta do dólar e o trauma causado pelos atentados de 11 de setembro deixaram as viagens internacionais em segundo plano.
Com isso alguns acampamentos
registraram aumento de até 30%
nas vendas em relação a 2001.
"Tivemos uma procura 20%
maior em relação ao ano passado", diz Solange Pizzo, diretora de
marketing do English Camp, em
Itapetininga (a 163 km de SP), que
oferece pacote de acampamento
com atividades em inglês. A empresa, que também organiza intercâmbios e viagens de grupos
para a Disney, teve queda de 25%
nas vendas de viagens para os Estados Unidos, em comparação ao
mesmo período de 2001.
A preocupação dos pais também cresceu. A violência nas cidades e os recentes casos de pedofilia lembraram os pais de que o perigo pode estar próximo.
Um exemplo é o caso do biólogo e monitor Leonardo Chaim,
preso em 1999 a partir da denúncia do dono de um acampamento
de Atibaia (a 60 km de SP). Ele foi
condenado a 20 anos de prisão,
em março do ano passado.
Antes de mandar os filhos para
uma temporada, as preocupações
sempre passaram pela alimentação, estrutura para emergências
médicas e programação. Agora, a
essas tradicionais dúvidas, foram
incorporadas questões sobre segurança e capacitação dos profissionais para lidar com as crianças.
"Na primeira vez, tive medo
principalmente em relação à segurança e aos monitores. Como o
meu filho Iuri, de nove anos, gostou e não houve nenhum problema, neste ano vou mandar a Raiana, que tem seis anos", conta a
professora Susane Sarfatti.
"Por causa da insegurança na
cidade e das notícias sobre pedofilia, houve uma mudança no comportamento dos pais", afirma
Marcelo Filippini, diretor da Fazenda Monjolinho, em Itirapina
(a 213 km de SP).
"Hoje eles se preocupam desde
com quem as crianças dormem
nos quartos até o trajeto que o
ônibus faz para chegar no local",
completa Filippini.
A segurança é um tópico importante para os pais que procuram o
acampamento Peraltas, em Brotas (a 245 km de SP).
"Eles querem saber onde os filhos vão ficar e quem são as pessoas que estarão com eles. Outros
pontos que eles levantam se referem a drogas, bebidas, cigarro e
namoro, que não permitimos",
diz Marília Rabello, gerente-geral
da empresa.
O acampamento Peraltas tem
em seu site um "jornal" diário,
que relata as atividades das crianças. Há também câmeras no refeitório e nas quadras para os pais
que quiserem acompanhar os filhos pela internet.
Durante as temporadas de férias, o Sítio do Carroção, em Tatuí
(a 129 km de SP), também divulga
em seu site fotos das atividades
que são realizadas diariamente.
A estrutura de segurança dos sítios inclui equipamentos típicos
da cidade grande, com muros, câmeras e guaritas. "O acampamento tem oito quilômetros de muros", afirma Marília.
Sem fiscalização
Um levantamento da Abae (Associação Brasileira de Acampamentos Educativos) apontou a
existência de cerca de 70 estabelecimentos do gênero no Estado de
São Paulo, sem contar os locais
que têm orientação religiosa.
Os acampamentos trabalham
sem fiscalização específica. "Não
existe um órgão oficial que regulamente a atividade, porque atuamos entre a educação e a hospedagem", diz Marco Antonio Vivolo, presidente da Abae.
Criada em 1999, a associação
congrega 14 empresas. "Os diretores dos acampamentos já se conheciam e resolvemos nos unir.
Há dois grupos distintos atuando
no segmento, aqueles que realizam atividades de forma eventual
e os que fazem de forma estruturada", afirma Vivolo.
Para poder integrar a Abae, o
acampamento deve ter pelo menos três anos de funcionamento,
ser recomendado por outros dois
sócios e constituir formalmente
uma empresa.
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