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Jovem larga artes plásticas e diz que bolsa parcial é insuficiente
FERNANDA CALGARO
DA REPORTAGEM LOCAL
Neste ano, Paola da Silva Pascoal, 22, pretende se inscrever
somente para bolsa integral do
ProUni. Aprovada uma vez na
faculdade com bolsa de 50%,
ela teve de desistir por falta de
dinheiro e voltar ao cursinho.
"Mesmo com o benefício, o
curso de artes plásticas ficava
em cerca de R$ 450, fora livros
e material", lembra Paola. "Na
época, trabalhava como atendente de telemarketing e ganhava esse valor. Era inviável."
Ela voltou para o cursinho
pré-vestibular para melhorar
seu desempenho no Enem e
conseguir uma nota compatível
com a nota de corte das bolsas
integrais.
Raquel Borges Porto, 20,
queria mesmo era estudar jornalismo, mas acabou cursando
geografia. "Consegui uma bolsa
do ProUni de 50% em jornalismo, mas, ainda assim, teria que
pagar R$ 420. Como minha família não tinha condições, desisti e fui fazer geografia em outra faculdade, por R$ 250, sem
bolsa. Fiquei chateada, mas
quero depois fazer uma especialização e trabalhar como jornalista", conta, esperançosa.
Com Luan Iuri de Oliveira
Amorim, 17, ocorreu o mesmo.
A falta de dinheiro o afastou do
sonho de estudar design digital.
"A faculdade custava quase
R$ 2.000. Consegui uma bolsa
de 50% do ProUni, mas em casa
temos praticamente só a renda
do meu pai, que fica perto de
R$ 2.000. Só a minha mensalidade seria metade." Resignado
em adiar o sonho, voltou então
a estudar no cursinho à noite e
a fazer bico de entregador de
água, mas de olho no processo
seletivo do fim do ano. "Estou
confiante."
Da obra à prancheta
Aos 33 anos, Francisco Lino
da Silva está no segundo ano de
engenharia civil. Cursar uma
faculdade particular só é possível graças a uma bolsa de estudos do MST (Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem
Terra). Chegou a obter uma
bolsa de 50% do ProUni para
uma faculdade na zona leste,
mas desistiu. A instituição ficava fora de mão para ele.
"Se eu tivesse conseguido a
bolsa integral do ProUni, teria
feito toda a diferença, apesar de
o curso ser mais longe. Valeria a
pena o sacrifício", diz Silva.
De sacrifício, ele entende. Silva trabalha como peão de
obras. Na época em que estudava para o vestibular, deixou a
mulher e duas filhas em Guarulhos (Grande São Paulo) e passou a dormir num sofá da recepção do cursinho popular onde estudava.
"Perdia quase seis horas do
dia em ônibus e trem. Depois
que passei a dormir, de favor,
no cursinho, meu rendimento
melhorou. Foi assim que cheguei até aqui. Ainda é difícil,
mas vou vencer", conta ele, que
amanhã começará no primeiro
estágio da carreira.
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